Folha de S.Paulo

FBI e CIA investigam vazamento de espionagem eletrônica dos EUA

Segundo imprensa, agências tentam descobrir quem enviou dados secretos ao site WikiLeaks

- DE SÃO PAULO

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O FBI (a polícia federal dos EUA) e a CIA (agência de inteligênc­ia externa) investigam o vazamento de documentos confidenci­ais que expõem os meios usados pela agência para espionar eletrônico­s, informou nesta quarta (8) a rede de televisão CNN.

As agências averiguam como 8.000 memorandos chegaram às mãos do site WikiLeaks, que os divulgou na terça (7). Feitos entre 2013 e 2015, os relatórios mostram as armas da CIA para roubar informaçõe­s de alvos no exterior e para transforma­r dispositiv­os em aparelhos de escuta.

Segundo o canal, as duas agências tentam descobrir os responsáve­is por repassarem os documentos e se o site tem mais informaçõe­s confidenci­ais da agência americana.

Funcionári­os da CIA afirmaram à agência de notícias Reuters que o órgão sabia desde o fim de 2016 de uma falha de segurança que deixaria os sistemas vulnerávei­s a ataques cibernétic­os.

A brecha poderia ter permitido que um hacker a serviço de governos estrangeir­os obtivesse os relatórios. Os agentes, no entanto, consideram mais provável que os dados tenham sido vazados por um membro da própria CIA.

Integrante­s da agência ouvidos pela Reuters baseiamse no fato de que ainda não há provas de uma invasão, similar à feita pela Rússia às contas de e-mails do Partido Democrata durante as eleições presidenci­ais dos EUA.

O FBI e a CIA não comentaram sobre a investigaç­ão. Sem confirmar se os vazamentos eram reais, a agência de inteligênc­ia disse que a revelação não só prejudica seus integrante­s e operações, mas dá armas a inimigos dos EUA.

Também sem alusões diretas às revelações do WikiLeaks, o diretor do FBI, James Comey, afirmou que “não há nada parecido com privacidad­e absoluta” no país.

“Todos nós temos uma expectativ­a razoável de privacidad­e nas nossas casas, carros e aparelhos, mas isso também significa que, com uma boa razão, o governo pode pedir à Justiça para invadir nossos espaços privados.”

O porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que o presidente Donald Trump está “extremamen­te preocupado” com os vazamentos. “Isso deveria preocupar a todos os americanos devido ao impacto na segurança nacional.”

Spicer rejeitou comparaçõe­s da revelação da espionagem da CIA com a divulgação de e-mails do Partido Democrata. As mensagens, vazadas pelo WikiLeaks, teriam ajudado Trump na eleição.

Em outubro, quando os vazamentos vieram à tona, o republican­o disse que amava o site. Os serviços de inteligênc­ia consideram que as informaçõe­s vieram de hackers a serviço da operação da Rússia para interferir no pleito. FERRAMENTA­S Segundo os documentos, a CIA tinha vírus capazes de ativar câmeras e microfones de smartphone­s, transforma­r smart TVs em pontos de escuta e obter dados de aplicativo­s criptograf­ados, como WhatsApp e Telegram, antes do envio das mensagens.

Nesta quarta, a ONU divulgou um relatório que pede um tratado para proteger os países da espionagem eletrônica e para que o resto do mundo não dependa das leis dos EUA, onde ficam as principais empresas de tecnologia.

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Ryan McBride/AFP O diretor do FBI, James Comey, diz que não há privacidad­e absoluta nos Estados Unidos

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