Folha de S.Paulo

Greve e atos marcam ‘Dia Sem Mulheres’

Trabalhado­ras aderiram em várias cidades dos EUA e ficaram em casa ou saíram para protestar, a maioria contra Trump

- ISABEL FLECK

Em NY, 13 foram detidas após confronto com a polícia; iniciativa teve apoio feminino em dezenas de países

Na pizzaria Veloce, no centro de Washington, só havia homens atrás do balcão nesta quarta-feira (8). As três funcionári­as do local aderiram à greve convocada pelas mesmas organizado­ras da Marcha das Mulheres, ocorrida em janeiro.

A ideia da manifestaç­ão, batizada de “Um Dia Sem Mulheres”, a exemplo do que ocorreu com o movimento “Um Dia Sem Imigrantes”, em fevereiro, era que as mulheres, em todo o país, deixassem de trabalhar ou de exercer atividades não remunerada­s neste Dia Internacio­nal da Mulher como forma de “reconhecer o valor enorme que as mulheres de todas as origens somam ao nosso sistema socioeconô­mico”.

A iniciativa contou com a adesão de mulheres em centenas de cidades dos EUA e em dezenas de países.

Segundo o diretor-financeiro da Veloce, Mike Solsberry, a dona da rede de pizzarias, Ruth Gresser, “apoia a causa” e deu a opção para que as funcionári­as ficassem em casa, recebendo pelo dia não trabalhado. Cerca de 75% das mulheres que trabalham nos quatro estabeleci­mentos da rede teriam optado por participar da greve.

Em Washington, os estabeleci­mentos não chegaram a fechar, mas alguns restaurant­es ofereceram descontos para mulheres —o que, na verdade, acabou indo de encontro a uma das metas do movimento, de que as mulheres também não comprassem nada nesta quarta.

Mas nem todo o movimento de greve foi bem recebido. A decisão de fechar as escolas públicas em Alexandria, na Virgínia, e no condado de Prince George, em Maryland, por causa da greve das funcionári­as, irritou os pais. ATOS CONTRA TRUMP Aproveitan­do a mobilizaçã­o pelo Dia Sem Mulheres, um grupo de cerca de 300 pessoas marchou por três quadras até a frente da Casa Branca, onde foi montado um palanque para discursos.

O protesto teve como foco a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de restaurar o impediment­o ao financiame­nto de ONGs estrangeir­as que promovam direito ao aborto. A política, instaurada por Ronald Reagan em 1984, foi banida por Bill Clinton assim que chegou ao poder, em 1993. George W. Bush a restaurou em seus primeiros dias, em 2001, e Barack Obama a cancelou novamente em 2009.

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Kevin Lamarque/Reuters Manifestan­te contra proibição do aborto segura cartaz “Aborte Trump”, durante protesto na frente da Casa Branca
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Juan Mabromata/AFP Argentina pede mulheres maquinista­s, em Buenos Aires

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