Greve e atos marcam ‘Dia Sem Mulheres’
Trabalhadoras aderiram em várias cidades dos EUA e ficaram em casa ou saíram para protestar, a maioria contra Trump
Em NY, 13 foram detidas após confronto com a polícia; iniciativa teve apoio feminino em dezenas de países
Na pizzaria Veloce, no centro de Washington, só havia homens atrás do balcão nesta quarta-feira (8). As três funcionárias do local aderiram à greve convocada pelas mesmas organizadoras da Marcha das Mulheres, ocorrida em janeiro.
A ideia da manifestação, batizada de “Um Dia Sem Mulheres”, a exemplo do que ocorreu com o movimento “Um Dia Sem Imigrantes”, em fevereiro, era que as mulheres, em todo o país, deixassem de trabalhar ou de exercer atividades não remuneradas neste Dia Internacional da Mulher como forma de “reconhecer o valor enorme que as mulheres de todas as origens somam ao nosso sistema socioeconômico”.
A iniciativa contou com a adesão de mulheres em centenas de cidades dos EUA e em dezenas de países.
Segundo o diretor-financeiro da Veloce, Mike Solsberry, a dona da rede de pizzarias, Ruth Gresser, “apoia a causa” e deu a opção para que as funcionárias ficassem em casa, recebendo pelo dia não trabalhado. Cerca de 75% das mulheres que trabalham nos quatro estabelecimentos da rede teriam optado por participar da greve.
Em Washington, os estabelecimentos não chegaram a fechar, mas alguns restaurantes ofereceram descontos para mulheres —o que, na verdade, acabou indo de encontro a uma das metas do movimento, de que as mulheres também não comprassem nada nesta quarta.
Mas nem todo o movimento de greve foi bem recebido. A decisão de fechar as escolas públicas em Alexandria, na Virgínia, e no condado de Prince George, em Maryland, por causa da greve das funcionárias, irritou os pais. ATOS CONTRA TRUMP Aproveitando a mobilização pelo Dia Sem Mulheres, um grupo de cerca de 300 pessoas marchou por três quadras até a frente da Casa Branca, onde foi montado um palanque para discursos.
O protesto teve como foco a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de restaurar o impedimento ao financiamento de ONGs estrangeiras que promovam direito ao aborto. A política, instaurada por Ronald Reagan em 1984, foi banida por Bill Clinton assim que chegou ao poder, em 1993. George W. Bush a restaurou em seus primeiros dias, em 2001, e Barack Obama a cancelou novamente em 2009.