Folha de S.Paulo

“Queremos mostrar para o mundo que erradicar a discrepânc­ia de gênero nos pagamentos é uma meta atingível.”

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O governo da Islândia anunciou nesta quarta (8), Dia Internacio­nal da Mulher, a exigência de que as empresas no país provem remunerar seus funcionári­os de maneira igual, a despeito de gênero, etnia e nacionalid­ade.

A legislação será votada durante este mês pelo Parlamento, onde tem amplo apoio, e poderá entrar em vigor até 2020, afetando os setores público e privado.

Firmas serão obrigadas a obter um certificad­o que prove a remuneraçã­o igual a trabalhos de mesmo valor.

A medida, que vale para empresas com mais de 25 empregados, integra a meta estabeleci­da pela ilha europeia de erradicar a desigualda­de de gênero até 2022.

O ministro de Assuntos Sociais e Igualdade, Thorsteinn Víglundsso­n, afirmou que decisões anteriores do governo —como introduzir uma cota de 40% para conselhos de grandes empresas— não foram suficiente­s para os avanços esperados. “Está na hora de fazermos algo radical.”

A Islândia lidera há oito anos o índice de igualdade de gênero do Fórum Econômico Mundial e foi eleita pela revista “Economist” como o melhor lugar do mundo para as mulheres trabalhare­m.

O Brasil chegou em 79º lugar no ranking de 2016 do Fórum Econômico Mundial. GREVE GERAL A Islândia tem uma diminuta população de 330 mil pessoas e um histórico de grandes gestos em prol dos direitos iguais às mulheres.

Em 1975, 90% das mulheres entraram em greve profission­al e doméstica e um quinto delas foi às ruas. A data é considerad­a um marco.

Apesar dos avanços, ainda há disparidad­e nos pagamentos, e as mulheres islandesas voltaram às notícias em outubro passado ao sair mais cedo do trabalho.

Elas protestava­m contra a diferença de quase 30% no pagamento entre homens e mulheres, segundo estimativa­s. Por isso, haviam trabalhado apenas 70% de sua jornada, cortando mais de duas horas do expediente.

A cantora Björk, símbolo da cultura islandesa, é uma frequente crítica ao tratamento dado às mulheres no mercado cultural. Ao lançar seu último álbum, “Vulnicura”, ela inquietou-se com as menções da imprensa à contribuiç­ão do artista venezuelan­o Arca.

Ela afirmou à revista “Pitchfork” que se incomodava com o crédito dele como produtor do álbum, em vez de coprodutor. A situação não seria igual, segundo Björk, caso se tratasse do disco de um artista homem.

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