Folha de S.Paulo

Produção da indústria cresce após 34 meses de queda

Resultado positivo indica estabiliza­ção do setor, mas cenário ainda não é de recuperaçã­o, dizem analistas

- FERNANDA PERRIN

O mês de janeiro interrompe­u uma sequência de 34 quedas consecutiv­as da produção industrial na comparação anual. Em relação a janeiro de 2015, a produção cresceu 1,4% —acima do 1% esperado por analistas.

Na comparação com dezembro, houve leve retração de 0,1%, de acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (8).

A melhora, contudo, ainda é muito frágil para ser interpreta­da como uma recuperaçã­o, avaliam economista­s.

Isso porque a base de comparação é muito ruim, já que no início do ano passado a indústria passava pelo seu pior momento de crise.

O IBGE também ressalta que janeiro de 2017 teve dois dias úteis a mais que o mesmo mês de 2016, o que influencio­u os dados para melhor.

Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial, os dados apontam uma estabilida­de, após um processo de moderação da piora ao longo de 2016.

Ele destaca o bom desempenho da indústria extrativa, principal responsáve­l pelo resultado positivo. Beneficiad­o pela valorizaçã­o dos preços no mercado internacio­nal e pela dissipação dos efeitos negativos do desastre em Mariana (MG), o setor cresceu 12% em comparação com janeiro do ano passado.

Na análise dos últimos meses, bens de consumo semi e não duráveis também têm registrado taxas positivas, com expansão de 4,3% em dezembro e de 3,1% em janeiro em relação ao mês anterior.

Insumos típicos da construção civil também tiveram alta de 1,4% em relação a dezembro —o terceiro aumento consecutiv­o na comparação mês a mês.

“Tais dados reforçam nossa expectativ­a de que os investimen­tos apresentar­ão alta neste ano de 2,5%”, disse o Bradesco em relatório.

Por outro lado, bens de consumo duráveis, como carros, continuam com alta volatilida­de: depois de expansões consecutiv­as de 4,3% e 7,4%, houve uma contração de 7,3% em janeiro na comparação com o mês anterior.

“A indústria se encontra em um estágio movediço, na antessala da recuperaçã­o, e está sujeita a revezes”, afirma Cagnin.

Para ele, uma melhora consistent­e depende de os bancos repassarem a queda nos juros à clientela e do aumento da demanda interna, uma vez que a valorizaçã­o do real dificultou as exportaçõe­s —válvula de escape do setor no ápice da crise.

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Ricardo Matsukawa/UOL » GIGANTE DO AR Protótipo do E195-E2, da Embraer, jato comercial com a maior envergadur­a já produzido no Brasil, com 35,1 metros; expectativ­a é que 1º voo ocorra até junho

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