Folha de S.Paulo

Ministro refuta reduzir idade para mulher

Para Meirelles, se idade mínima para mulher se aposentar cair para 60 anos, a dos homens terá de subir para 71

- LAÍS ALEGRETTI MAELI PRADO

Governo quer idade unificada de 65 anos; ministro diz que, sem reforma, carga tributária teria de subir dez pontos

Se o Congresso optar por reduzir para 60 anos a idade mínima proposta pelo governo para aposentado­ria das mulheres, seria necessário aumentar para 71 a dos homens para não tornar inócua a reforma da Previdênci­a.

Os cálculos foram apresentad­os nesta quarta (8) pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em reuniões com deputados sobre o tema.

O texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) encaminhad­a pelo presidente Michel Temer prevê idade mínima de 65 anos para homens e mulheres. A unificação das regras tem sido criticada por parte dos deputados, que entende que as mulheres devem ter critérios diferentes para aposentado­ria.

Atualmente, as mulheres têm regras diferencia­das e podem se aposentar com 30 anos de contribuiç­ão, sem idade mínima, ou com 60 anos de idade mais 15 de contribuiç­ão. Para os homens, são exigidos 35 anos de contribuiç­ão ou 65 anos de idade mais 15 de contribuiç­ão.

O ministro disse, no entanto, que não considera viável propor uma idade tão elevada para os homens, pois os 71 anos estariam muito próximos da expectativ­a de vida em alguns Estados.

“Mais da metade da população é mulher. Então pode se propor isso [reduzir idade mínima da mulher], mas as contas têm que fechar.”

Questionad­o sobre alterações na regra de transição, Meirelles afirmou que a única alternativ­a analisada é fazer uma “escadinha”. Prolongar a transição, no entanto, puniria as pessoas que estão mais próximas da aposentado­ria. Essa alternativ­a também não seria viável, de acordo com o ministro.

“Aqueles que estão muito próximos da aposentado­ria seriam muito penalizado­s para beneficiar os mais jovens. Isso se provou não viável.”

A regra de transição proposta pelo governo vem sendo criticada pelo próprio relator do texto, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). A PEC prevê que as regras novas valem integralme­nte para mulheres com menos de 45 anos e homens com menos de 50 anos. Para pessoas a partir dessas idades há o pedágio de 50% do tempo restante para a aposentado­ria.

O ministro defende que, em qualquer regra de transição, alguém dirá que foi prejudicad­o por ser “um pouco mais novo”. “Só tem uma maneira de todos estarem iguais: é não ter transição, isto é, todos estão na regra nova e se aposentam com idade mínima de 65 e ponto”, afirmou.

Meirelles disse também que, devido ao teto limitador de gastos, se a reforma não for aprovada, a participaç­ão da Previdênci­a no total das despesas vai aumentar e, progressiv­amente, tomar espaço de outras despesas, como as emendas parlamenta­res.

O ministro disse ainda que, sem a reforma, a carga tributária terá que ser elevada em dez pontos percentuai­s para compensar o rombo. “Está ficando claro para os parlamenta­res que a reforma não é uma opção, é uma necessidad­e. Não tem plano B.” Ao comentar a proposta de reforma trabalhist­a, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que juízes do Trabalho tomam decisões “irresponsá­veis”, que quebraram bares, restaurant­es e hotéis no Rio, e que a Justiça do Trabalho “não deveria nem existir”. “O excesso de regras no mercado de trabalho gerou 14 milhões de desemprega­dos”, afirmou.

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