Folha de S.Paulo

Novo sistema do metrô falha a cada 5 dias

Tecnologia de controle de trens implantada na linha 2-verde teve 76 falhas em 2016 e reduziu espera em só 2 segundos

- RODRIGO RUSSO

Ao custo de R$ 700 mi, sistema também sofreu atrasos; gestão Alckmin diz que ele é seguro e implantaçã­o é desafio

Implantado com a promessa de ser mais eficiente, rápido e seguro, o novo sistema de controle de trens da linha 2-verde do Metrô de São Paulo registrou uma falha a cada cinco dias em seu primeiro ano de operação integral.

Levantamen­to obtido pela Folha mostra 76 falhas relevantes do CTBC (Controle de Trens Baseado em Comunicaçã­o) no ano passado —capazes de afetar a circulação da linha, ameaçar a segurança ou compromete­r o conforto na viagem dos passageiro­s.

Além disso, a tecnologia adotada com a justificat­iva de reduzir a distância entre trens e permitir menor espera nas plataforma­s trouxe ganhos tímidos até agora —de no máximo 2 segundos nos picos.

Na lista de problemas registrado­s estão as panes classifica­das pela companhia — ligada ao governo Geraldo Alckmin (PSDB)— como “ocorrência­s notáveis”, que paralisam as operações por mais de cinco minutos. Também entram na conta falhas levadas para avaliação da Copese (Comissão Permanente de Segurança) da empresa.

Outro item incluído no levantamen­to são episódios que, na avaliação de funcionári­os da empresa, poderiam levar a acidentes ou compromete­ram a operação da linha e a experiênci­a dos usuários.

Por exemplo, em 12 de maio de 2016, quando um trem passou direto pela estação Consolação, sem parar, por problema da nova tecnologia. Um mês antes, um trem precisou ser evacuado pela manhã por ter perdido o sistema.

O governo Alckmin diz que o CTBC é um sistema seguro e que sua implantaçã­o sem parar a operação é um desafio.

Contratado em 2008, na gestão José Serra (PSDB), a um custo de mais de R$ 700 milhões, o CBTC é objeto de diversas polêmicas. Fabricado pela Alstom, empresa investigad­a sob suspeita de cartel e fraude em licitações no Metrô, o sistema prometia melhorar a eficiência das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha.

Sua entrega foi inicialmen­te prometida para 2011, mas sofreu sucessivos atrasos. Só em fevereiro de 2016 a linha 2-verde começou a operar integralme­nte com a nova tecnologia; nos outros ramais da rede, o novo cronograma de entrega se estende até 2021.

Em um acordo com a multinacio­nal francesa em janeiro do ano passado, o governo Alckmin aceitou o novo cronograma e perdoou dívidas que somam R$ 116 milhões.

A principal justificat­iva para a adoção do sistema (que controla os trens a partir de ondas de rádio, em vez de fibra ótica) era a promessa de queda expressiva no intervalo entre viagens, aumentando os trens em circulação e acomodando mais passageiro­s.

O ex-presidente do Metrô Luiz Antonio Carvalho Pacheco estimou que esse intervalo passaria de 120 para cerca de 100 segundos. O que se vê na linha 2 é bem diferente.

No pico da manhã, a espe- ra média entre trens foi de 2 minutos e 22 segundos em 2016, ganho de 2 segundos na comparação com 2015, em que esse intervalo foi de 2 minutos e 24 segundos.

No pico da tarde, a redução foi de 1 segundo. De 2 minutos e 26 segundos, caiu para 2 minutos e 25 segundos.

“Há anos estamos denunciand­o o sistema por seu atraso e sua ineficiênc­ia. Um gasto de milhões, envolvendo sérias denúncias de corrupção,

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