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‹ Metrô diz que ainda busca entender sistema

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Companhia do Estado diz que tecnologia é segura e a instalou sem interrompe­r as operações dos trens

Em entrevista à Folha, Antonio Marcio Barros Silva, gerente de manutenção do Metrô de São Paulo, afirma que o CTBC é um sistema seguro, com avanços em relação ao sistema operaciona­l anterior, e que a companhia teve o desafio de aprender com essa tecnologia ao mesmo tempo em que a instalava —e sem paralisar as operações.

“Nós tivemos o desafio de instalar o sistema enquanto operávamos a linha, transporta­ndo milhares de pessoas por dia. Também estamos aprendendo com o CTBC, e eletrônica não tem como prever antes de que maneira vai funcionar”, disse. Os testes com o sistema na linha 2-verde começaram em 2011.

O gerente da empresa afirma ainda que o Metrô, ligado ao governo Geraldo Alckmin (PSDB), contabiliz­a somente os chamados incidentes “notáveis” —aqueles que paralisam as operações por mais de cinco minutos.

Nessa contabilid­ade, a linha 2 registrou 19 ocorrência­s em 2016, quando começou ali a operação integral do CTBC. CORRIQUEIR­AS Barros Silva afirmou também que, de todos os casos apresentad­os, apenas um processo foi aberto na Copese (Comissão Permanente de

(Controle de Tráfego Automático) Sistema antigo, usado desde a implantaçã­o do metrô. Hoje, nas linhas 1-azul, 3-vermelha e 5-lilás

ANTONIO MARCIO BARROS SILVA

gerente de manutenção do Metrô Segurança) com relação à linha 2, e que houve a desclassif­icação desse caso. Na avaliação da companhia, portanto, não houve nenhum incidente desse gênero em 2016.

Quando questionad­o sobre outros tipos de problemas que não entram nessa categoria, como as ocasiões em que os trens passaram direto por determinad­as estações, o gerente de manutenção da companhia afirmou que essas situações geram “desconfort­o ao usuário, mas não o colocam em risco”.

“São falhas corriqueir­as. É importante dizer que o CTBC trabalha com redundânci­a, com uma margem de segurança. Ao notar uma falha, ele a isola, e segura a movimentaç­ão dos demais trens”, afirma Barros Silva, que dá dois exemplos de benefícios alcançados com o uso desse novo sistema.

O primeiro deles é uma economia de gastos com os freios dos trens. Como as composiçõe­s andam mais próximas, há velocidade mais estável no sistema como um todo, o que gera menos uso das pastilhas de freio e reduz o consumo de energia.

O segundo benefício já alcançado, de acordo com ele, é a inclusão de um novo trem para atender ao maior volume de passageiro­s no horário de pico. “Nós antes tínhamos 22 composiçõe­s. Com o novo sistema, conseguimo­s chegar a 23 no carrossel. O número poderia ser maior, mas os gastos também subiriam, e a demanda está bem atendida no momento”, afirmou.

Barros Silva disse ainda que o CTBC representa um ganho de segurança para o Metrô. “Inclusive por ser de outra geração, mais moderna. Nós operamos com o mesmo sistema desde o início, na década de 1970”, afirma.

O responsáve­l pela manutenção dos trens da companhia paulista reforça também que, por lidar com vidas humanas, a empresa nunca arrisca colocar um trem que apresente qualquer sinal de problema em operação, ainda que isso signifique maior lotação nas composiçõe­s. (RODRIGO RUSSO)

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