Folha de S.Paulo

A febre amarela volta ao Rio

-

RIO DE JANEIRO - Era tudo de que o calamitoso sistema de saúde do Rio não precisava: o governo confirmou nesta quarta (15) os primeiros casos de febre amarela no Estado. Dois homens foram contaminad­os na zona rural do município de Casimiro de Abreu —um morreu no último sábado (11), o outro segue internado.

Além disso, na capital fluminense, cinco macacos foram encontrado­s mortos, provavelme­nte pelo vírus, em bairros das zonas sul e norte. Numa história muito mal contada, as causas das mortes dos bichos ainda não foram oficialmen­te confirmada­s pela Secretaria de Saúde, apesar de o terem sido pelo Instituto Evandro Chagas do Pará, referência nacional. A Fiocruz dará o veredito final.

É claro que o Rio não seguiria por muito tempo sendo o único Estado do Sudeste a não registrar a volta da febre amarela. Após receber os resultados do instituto paraense sobre os macacos mortos, o governo estadual anunciou um plano para vacinar 12 milhões de pessoas até o fim do ano. Alguns especialis­tas consideram que a decisão já vem tarde —até o último fim de semana, a orientação era para que se vacinassem apenas moradores de áreas rurais próximas aos Estados afetados.

A corrida aos postos de saúde, que já vinha aumentando desde que se noticiaram as mortes causadas pelo vírus em Minas Gerais, disparou a partir do anúncio do governo. Com a confirmaçã­o dos primeiros casos, o ritmo de procura vai se acelerar ainda mais, o que pode prejudicar as pessoas que mais precisam se vacinar. O pânico também pode se refletir numa inútil perseguiçã­o e matança de macacos.

O importante agora é que haja uma bem coordenada campanha de informação e de vacinação para evitar a histeria coletiva. O sistema de saúde fluminense está falido e largamente inoperante, de modo que intervençã­o federal será necessária imediatame­nte. marco.canonico@grupofolha.com.br

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil