Folha de S.Paulo

Atentados a bomba matam ao menos 30 em Damasco

Ataques ocorrem no dia em que a guerra civil da Síria completa seu sexto ano; mais de 470 mil já morreram

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Segundo ‘Washington Post’, EUA planejam enviar mil soldados para ofensiva em Raqqa, ‘capital’ do EI

No dia em que a guerra civil da Síria completou seis anos, atentados com homens-bomba mataram nesta quarta (15) ao menos 30 pessoas na capital, Damasco.

No primeiro ataque, um homem com um rifle e granadas chegou à entrada no Palácio de Justiça e, ao ser revistado pelos guardas, correu para o interior do prédio e se explodiu, matando ao menos 30 pessoas.

A ação ocorreu às 13h20 (8h20 em Brasília), num horário de grande movimento no tribunal.

“Esta foi uma ação suja, pois as pessoas que circulam pelo palácio são inocentes”, disse o procurador-geral da Síria, Ahmad al-Sayed.

Algumas horas depois, um segundo homem-bomba invadiu um restaurant­e no bairro Rabweh após perseguiçã­o policial e se explodiu.

Não há informaçõe­s sobre o número de mortos no ataque, mas havia muitas mulheres e crianças.

Nenhuma organizaçã­o havia assumido a autoria dos atentados até a conclusão desta edição. TROPAS DOS EUA Segundo reportagem publicada pelo jornal “Washington Post” nesta quarta (15), os Estados Unidos planejam mandar mil soldados para a Síria, o que dobraria o número de militares americanos atualmente no país.

Os soldados iriam auxiliar as Forças Democrátic­as da Síria (FDS), milícia formada por curdos e árabes, na ofensiva para retomar Raqqa, cidade que é a “capital” do Estado Islâmico na Síria e está sob poder da facção desde 2013.

Ao assumir, o presidente Donald Trump, que acusou o ex-presidente Barack Obama de ser “frouxo” na Síria, baixou um decreto estabelece­ndo que o secretário de Defesa deveria apresentar em 30 dias um plano para derrotar o Estado Islâmico. Mattis sub- meteu à Casa Branca um esboço no fim de fevereiro.

O general Joseph Votel, que chefia o Comando Central dos EUA, está cuidando dos detalhes do plano, entre eles o número de tropas adicionais que os EUA irão enviar para a Síria.

Segundo o “Washington Post”, Mattis deve receber o plano no fim do mês.

Trata-se de uma mudança drástica em relação à política de Obama, que resistia em enviar tropas para a Síria.

A guerra civil síria começou como uma revolta popular no dia 15 de março de 2011 e degringolo­u em um conflito envolvendo diversos atores: tropas leais ao regime do ditador Bashar al-Assad; forças russas e iranianas de apoio a Assad; o Estado Islâmico e a Al Qaeda; e forças de oposição, algumas apoiadas pelos Estados Unidos e países do Golfo.

O conflito já deixou mais de 470 mil mortos e forçou 11,2 milhões de pessoas a deixar suas casas. O país segue em um atoleiro de violência sem perspectiv­as de paz.

No sábado, outros dois atentados já haviam matado 40 pessoas em Damasco.

Para observador­es , os ataques recentes na capital são uma forma de os grupos ex- tremistas reafirmare­m sua força, depois da derrota para o regime em dezembro, quando Aleppo foi retomada.

A Rússia, o Irã e a Turquia estão conduzindo negociaçõe­s para um acordo de cessar fogo no país, mas o EI e alguns grupos de oposição não participam.

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Sana/Reuters Restaurant­e atingido por homem-bomba em Damasco
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