19 capitais e DF têm atos contra reformas de Temer
Em SP, greve no transporte público provoca trânsito recorde para o ano
Presidente diz que, se reforma da Previdência for ‘modestíssima’ ou não passar, será preciso corte maior no futuro
Ao menos 19 capitais e o Distrito Federal registraram protestos de entidades e sindicatos de diversas categorias contra as propostas de reformas trabalhista e previdenciária do governo Michel Temer (PMDB).
Batizada de “Dia Nacional de Paralisações e Greves” pelos líderes dos movimentos, a quarta-feira (15) foi marcada por caos no trânsito resultante de interrupções no transporte público.
Em São Paulo, greves no metrô, nos trens da CPTM e nos ônibus levaram a prefeitura a suspender o rodízio de veículos durante todo o dia. O paulistano teve dificuldades para chegar ao trabalho.
Foram registrados 201 km de vias congestionadas às 9h30, segundo a CET, o que corresponde a 23,2% dos 868 km de vias monitoradas e marca um recorde para o ano.
À tarde, grupos variados se reuniram na Paulista, incluindo sindicalistas, anarquistas, professores, estudantes, representantes de movimentos sociais, organizações de defesa dos direitos LGBT e partidos de esquerda.
Além de se manifestarem contraasreformas,ospresentes traziam uma pauta variada, pedindo a saída do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas.
Também havia quem protestasse contra a PM, o machismo e o preconceito racial.
No centro do Rio, estudantes e militantes das Frentes Povo Sem Medo e Brasil PopularfecharamaavenidaPresidente Vargas.
Houve confronto com a polícia. Mascarados atearam fogo a lixo e quebraram vidros de agências bancárias, e bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas. CENTRAIS SINDICAIS Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), afirmou que não há hipótese de negociação com o governo federal em torno das reformas trabalhista e previdenciária.
Segundo ele, a central exporá publicamente todo parlamentar que votar contra o “interesse do trabalhador”.
A Força Sindical e a UGT (União Geral dos Trabalhadores), que participaram de paralisações pela manhã, não compareceram à manifestação da tarde. A Folha apurou que as organizações orientaram os militantes a não irem para não “fortalecer o PT”.
“Somos a favor da reforma, mas não do jeito radical do governo”, diz Ricardo Patah, presidente da UGT.
Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST, disse que o governo não tem autoridade moral para tirar o direito dos trabalhadores.
Enquanto ocorriam os protestos, Temer disse em discurso a empresários e servidores que a sociedade tem compreendido a necessidade de apoiar as medidas econômicas do atual governo.
“Ou fazemos uma reformulação da Previdência agora, e não podemos fazer uma coisa modestíssima, ou daqui a quatro e cinco anos teremos de fazer como Portugal, Espanha e Grécia, que tiveram de fazer um corte muito maior.” (ANGELA BOLDRINI, CÁTIA SEABRA, FERNANDA PERRIN, LUIZA FRANCO E GUSTAVO URIBE)