Folha de S.Paulo

Petrobras tem de reiniciar vendas, diz TCU

Tribunal autoriza retomada de plano de negócio com ativos, mas exige alterações em processos e novas regras

- DIMMI AMORA NICOLA PAMPLONA

Negociaçõe­s da estatal têm como objetivo arrecadar US$ 34,6 bi e estavam paradas desde o fim do ano passado

O TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu nesta quarta-feira (15) autorizar a retomada do plano de venda de ativos da Petrobras, desde que a estatal promova alterações no modelo de negociaçõe­s e reinicie do zero oito processos que já estavam em curso, mas ainda não tiveram contrato assinado.

O programa de desinvesti­mentos da empresa estava praticamen­te parado desde dezembro, quando o órgão de controle questionou o modelo de negociaçõe­s.

A estatal pretende captar nesse processo US$ 34,6 bilhões, sob o argumento de que precisa do recurso para reduzir o seu endividame­nto.

Após quase três meses de debates, o TCU estabelece­u novas regras para os desinvesti­mentos. Em síntese, o processo terá de ser mais transparen­te, com a publicidad­e do desejo da estatal de vender seus bens desde o início. Até agora, a estatal fazia uma chamada mais reservada de interessad­os.

A diretoria-executiva da empresa também terá de ter uma participaç­ão maior em todo o processo, diferentem­ente do que ocorria até ago- ra, quando os diretores só opinavam no fim das negociaçõe­s. O tribunal também poderá acompanhar a venda.

As regras foram negociadas com a direção da estatal, que ainda não se pronunciou oficialmen­te sobre o caso. A Folha apurou, porém, que o objetivo é retomar as operações o mais rápido possível.

O tribunal recomendou que a Casa Civil da Presidênci­a da República avalie implantar as mesmas regras da Petrobras para todas estatais.

Desde 2015, a Petrobras negocia com o mercado uma série de ativos. Até o fim de 2016, havia vendido US$ 13,6 bilhões, campos de petróleo e unidades petroquími­cas.

A Petrobras queria que oito ativos em fase de negociação mais adiantada não seguissem essas novas regras, tendo a venda liberada pelo TCU da forma como estão.

Mas o órgão entendeu que esses bens devem voltar ao estágio inicial seguindo as novas regras. O tribunal não informa quais são esses ativos.

Apenas dois processos dentre os que não estavam com contratos assinados, foram liberados para conclusão. São projetos batizados internamen­te de Portfólio 1 e Ópera e referem-se à venda de dois campos de petróleo no Brasil à australian­a Karoon e de participaç­ão em um campo no golfo do México.

Os cinco ativos que estavam liberados para venda desde o ano passado permanecem no mesmo estágio. Alguns deles estão com o processo de negociação bloqueado por decisão judicial.

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