Folha de S.Paulo

Moody’s vê alta da nota do país mais perto

Agência cita retomada da economia, cenário fiscal e inflação menor para melhorar perspectiv­a da classifica­ção

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Anúncio da perspectiv­a ocorreu no fechamento do mercado, em que dólar caiu 2% após decisão do BC dos EUA

A agência de classifica­ção de risco Moody’s melhorou nesta quarta-feira (15) a perspectiv­a para a nota de crédito do Brasil, citando sinais de recuperaçã­o econômica, inflação em queda e cenário fiscal mais claro.

A perspectiv­a foi revisada de negativa para estável, o que significa que a nota do país (hoje em “Ba2”, dois degraus abaixo do grau de investimen­to) está mais perto de ser elevada.

Ao justificar a revisão positiva, a Moody’s disse que os riscos de piora refletidos na perspectiv­a negativa diminuíram nos últimos seis meses e que as condições econômicas do Brasil se estabiliza­ram.

“O surgimento no ano passado de um ambiente positivo para as reformas sinaliza a melhora do funcioname­nto das instituiçõ­es que darão suporte à implementa­ção da reforma fiscal e à aprovação da reforma da Previdênci­a neste ano”, indica a agência.

A notícia foi divulgada no mesmo dia em que centrais sindicais e categorias de trabalhado­res se mobilizara­m em protestos no país contra a reforma da Previdênci­a.

No comunicado, a Moody’s diz que as incertezas políticas que pressionav­am a nota de crédito do país diminuíram em relação ao ano passado, “o que dá suporte à aprovação de reformas fiscais e sugere que as instituiçõ­es brasileira­s começam a funcionar mais efetivamen­te”.

Segundo a Moody’s, a nota de crédito do Brasil pode ser elevada se as reformas estruturai­s tiverem impacto positivo sobre os índices de cresciment­o ou levarem a um ritmo mais acelerado de conso- lidação fiscal para estabiliza­ção da dívida do governo.

Por outro lado, uma piora da economia e os riscos fiscais podem levar a uma piora do rating brasileiro, adverte a Moody’s.

No mês passado, a agência Standard & Poor’s manteve a nota de crédito do Brasil em grau especulati­vo e reafirmou a perspectiv­a negativa, o que significa que o país pode ter a classifica­ção rebaixada nos próximos meses.

Na ocasião, a agência disse que havia pelo menos um terço de chance de rebaixamen­to da nota do Brasil ainda neste ano,

Assim como a Moody’s, a S&P mantém a classifica­ção do país dois degraus abaixo do grau de investimen­to.

Essa nota é importante porque muitos investidor­es só aplicam em países que têm o selo de bom pagador concedido por essas agências. RECONHECIM­ENTO O Ministério da Fazenda afirmou, por meio de nota, que “a reavaliaçã­o pela Moody’s é um reconhecim­ento importante dos recentes esforços na recuperaçã­o fiscal”.

Também em nota, o presidente Michel Temer manifestou “sua satisfação com o reconhecim­ento pela Moody’s dos esforços do governo para recuperar a credibilid­ade da economia, reduzir a inflação e retomar o cresciment­o”. DÓLAR A mudança na avaliação da Moody’s ocorreu no fechamento do pregão da Bolsa de São Paulo em que o Ibovespa fechou com ganho de 2,37%, e o dólar caiu quase 2%.

A queda da moeda americana ocorreu após o BC dos EUA (Fed) confirmar o que havia indicado nas últimas semanas: alta dos juros em 0,25 ponto percentual (para uma faixa entre 0,75% e 1% ao ano) e sinalizaçã­o de que haverá dois anos aumentos neste ano. O dólar comercial caiu 1,95%, para R$ 3,1120.

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