Folha de S.Paulo

MÚSICA, MAESTRO

Disney queria ‘A Bela e a Fera’ realista, mas diretor resistiu a abandonar canções do original

- MARCELO BERNARDES

COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Em “A Gaiola das Loucas” (1996), o coreógrafo interpreta­do por Robin Williams tenta ensinar um dançarino a sentir emoção no palco. Ele verbaliza todas as influência­s modernas necessária­s. “Fosse, Fosse, Fosse; Martha Graham, Martha Graham; Twyla, Twyla; Michael Kidd, MichaelKid­d;Madonna,Madonna!”

Em “A Bela e a Fera”, que estreia nesta quinta (16), o diretor americano Bill Condon fez orientação parecida a sua equipe. “Em ‘Be Our Guest’ (número musical principal do filme), misturei [o cineasta] Busby Berkeley com ‘Les Misérables’, ‘Chicago’, ‘A Noviça Rebelde’, ‘Cantando na Chuva’”, disse Condon à Folha. “Ah, e ainda a gente jogou uma Martha Graham”.

A versão “em carne e osso” do primeiro desenho animado a concorrer ao Oscar de melhor filme —em 1991; perdeu para “O Silêncio dos Inocentes”— custou US$ 300 milhões (ou R$ 950 milhões) aos cofres do estúdio Disney.

Trata-se do mais caro musical feito em Hollywood. O estúdio queria que “A Bela e a Fera” fosse mais realista como “Branca de Neve e o Caçador”, sucesso da casa em 2012. Mas o diretor Bill Con- don se mostrou irredutíve­l.

“Seria uma decepção para o público não explorarmo­s o lado musical, ainda mais com as incríveis composiçõe­s do original”, afirmou em referência­s às músicas de Alan Menken e Howard Ashman.

O filme não chega aos cinemas sem uma polêmica. Condon transformo­u um dos personagen­ssecundári­os,LeFou (Josh Gad), num servo afeminado. Uma cena gay do personagem —rápida e inócua para a causa LGBT— gerou protestos pelo mundo, inclusive no Brasil.

Mas nada disso deve abalar as bilheteria­s. Afinal, só o primeiro trailer do filme, lançado no ano passado, teve 92 milhões de visualizaç­ões, batendo o recorde de “Star Wars: O Despertar da Força”.

Estúdio e diretor concordara­m acerca da escolha da heroína: a atriz inglesa Emma Watson (“primeira e única opção”, afirmou Condon).

Ela injetou mais feminismo na personagem. “Queria um superpoder para ela: a empatia”, disse a atriz à Folha. “Passado o pavor inicial, Bela fica curiosa e quer saber mais sobre o monstro. Não julgar apenas a superfície é um dom extraordin­ário”.

Transforma­r Dan Stevens, galã do seriado “Downton Abbey”, em a Fera exigiu uso de tecnologia inédita. “Duas vezes por semana, meu rosto era besuntado por um spray e 27 mini-câmeras capturavam cada poro encharcado pela tinta, transmitin­do o movimento para o computador“, conta Stevens. Nas cenas de dança, para ficar mais alto, o ator usou perna de pau.

“Quando dançamos a valsa, meu foco era prestar atenção nos movimentos de Dan. Fiquei com medo de ele quebrar um dos meus dedos. Ou todos eles”, zomba Watson.

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Bela (Emma Watson) e Fera (Dan Stevens) interpreta­m cena clássica de dança

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