Folha de S.Paulo

Vitória da inovação em São Paulo

Com inovações, São Paulo atrai investidor­es de longo prazo —capital que fica, melhora a qualidade de vida e gera desenvolvi­mento

- GERALDO ALCKMIN

Foi um sucesso muito além das expectativ­as do mercado o primeiro leilão do novo pacote de concessões rodoviária­s do Estado de São Paulo.

Na semana passada, na BM&F Bovespa, a concessão da Rodovia do Centro-Oeste —um lote de sete rodovias que cortam São Paulo do limite de Minas Gerais até a divisa com o Paraná— acabou arrematada por R$ 917,2 milhões, um acréscimo de mais de 130% sobre o mínimo exigido.

O lance vencedor diz respeito à primeira outorga e, somado aos R$ 397,2 milhões da segunda, representa recursos de R$ 1,3 bilhão — dinheiro novo que o governo de São Paulo vai investir em infraestru­tura de transporte­s.

Também foi finalizado o processo de concessão de cinco aeroportos regionais, que alcançaram sucesso com o valor da outorga com 100% de ágio.

Para a economia brasileira como um todo, o leilão também pode ser uma excelente notícia. É consenso que o investimen­to em infraestru­tura é um dos vetores de uma política robusta de cresciment­o. Para fazer sua licitação bem-sucedida num cenário de recessão econômica, restrição do crédito público e incertezas políticas, o governo paulista adotou regras inovadoras para aumentar a concorrênc­ia e atrair o setor privado.

O modelo paulista, revisado e certificad­o pelo IFC (órgão do Banco Mundial), tem compartilh­amento de risco cambial, cálculo de indenizaçõ­es, acordo tripartite e outros mecanismos que o aproximam de padrões internacio­nais e aumentam a segurança de quem investe.

Uma das mudanças mais importante­s diz respeito à composição societária obrigatóri­a para participar de leilões. Até agora, no Brasil, consórcios tinham de contar com empreiteir­as para concorrer. Tradiciona­lmente, quem fazia as obras ganhava também a concessão.

Em São Paulo, isso mudou. O interessad­o apresenta a condição financeira e, se vencer, depois fará os contratos com empreiteir­a ou mesmo um grupo de empreiteir­as menores que atendam as condições do edital. O mesmo vale para a operadora da concessão; pode ser uma única ou um grupo delas, cada uma encarregad­a de uma parte do trabalho.

Também é atraente para investidor­es a instituiçã­o do acordo tripartite, ou “direct agreement”. No Brasil, o financiado­r costumava estar ausente dos contratos de concessão. No acordo tripartite, tem a garantia jurídica de participar da mesa em que antes só discutiam o poder concedente e a empresa/consórcio que opera o serviço. Pode, inclusive, reassumir a operação da concessão em caso de impediment­o da operadora.

A ausência desses mecanismos limitava o universo de parceiros dispostos a financiar esse tipo de empreitada. Há todo um grupo de bancos e fundos de investimen­to com interesse em investir no mercado de infraestru­tura brasileiro, mas que não se sentiam seguros o bastante para entrar.

As sete rodovias que formam a Rodovia do Centro-Oeste agora vão entrar no time das melhores do país. Hoje, as dez melhores do país estão no Estado de São Paulo em regime de concessão. Das 20 melhores, 19 são paulistas concedidas.

Para os usuários, além de conforto e segurança, a concessão trará pedágio cerca de 20% menor que o praticado nas concessões pioneiras dos anos 1990, wi-fi para comunicaçã­o em tempo real com a operadora, pesagem de caminhões em movimento, câmeras de segurança em 100% da extensão das vias e possibilid­ade de descontos de tarifa em horários “alternativ­os”, nos quais a concession­ária terá a liberdade de definir os valores para atrair fluxo e reduzir congestion­amentos.

Com inovações, São Paulo atrai investidor­es de longo prazo —capital que fica, melhora a qualidade de vida e gera desenvolvi­mento. GERALDO ALCKMIN

É preciso reagir à reforma tal como se quer impô-la, uma vez que poderá ter o mesmo efeito do absurdo de 2003, quando o lulismo criou a taxação dos servidores públicos inativos como a suposta salvação da Previdênci­a. Aliás, é duvidosa a existência do deficit, uma vez que o próprio Temer sancionou a lei que isentou de contribuiç­ão previdenci­ária os honorários advocatíci­os de determinad­os procurador­es federais —sinal de que o caixa não anda tão baixo!

LAFAYETTE PONDÉ FILHO

Operação Lava Jato Não posso deixar de elogiar Rodrigo Janot, não só pela coragem das acusações contra a elite do poder, mas também pela fala e espírito democrátic­o republican­o. Agora, estamos nas mãos do STF (“Lista de Janot tem 6º ministro e mais nove parlamenta­res”, “Poder”, 16/3).

OTAVIO DE QUEIROZ

Esperemos que os inquéritos não demorem, de modo que do oferecimen­to da denúncia até o possível recebiment­o pelo STF não corra o prazo prescricio­nal e haja impunidade. O problema é que, caso não se tornem fichas sujas, muitos eleitores irão votar em alguns desses nomes nas próximas eleições. Aí reside o problema.

PAULO SÉRGIO CORDEIRO SANTOS

As colunas de Roberto Dias (“No pique da aniversari­ante”, “Opinião”, 16/3) e de Bernardo Mello Franco dão ao leitor clara visão do bem feito pela Lava Jato e do mal a ser feito pelos parlamenta­res caso aprovem a lista fechada. Impression­a-me como agem até mesmo os mais jovens, promovendo e estimuland­o ações sub-reptícias, responsáve­is por ampliar a injustiça social e o desrespeit­o à dignidade.

JOSÉ ANTONIO C. DAVID CHAGAS

Delfim Netto volta à sua gasta tecla de que a Constituiç­ão de 1988 é responsáve­l pelas nossas mazelas porque previu mais direitos do que a economia pode atender (“O livrinho”, “Opinião”, 15/3). É o mesmo enfoque tecnocráti­co que deixa de lado a ideia de que a economia e o Estado devem priorizar o bem-estar dos cidadãos. Ao fazer isso, foge do problema maior do Brasil, que é a desigualda­de social (os ricos vão bem, obrigado!).

MURILO CESAR SOARES

Meio ambiente

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Daniel Bueno

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