Folha de S.Paulo

Presidente silencia sobre lista de Janot

- TEMER

O corretor Lúcio Funaro entrou nesta quinta-feira (16) na Justiça contra José Yunes, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer, pelos crimes de injúria e difamação.

Na ação, protocolad­a na 7ª Vara Criminal de Brasília, Funaro, preso desde julho do ano passado pela Operação Lava Jato, indica Temer como uma de suas cinco testemunha­s no caso.

Yunes declarou à PGR (Procurador­ia-Geral da República) no início deste ano que recebeu Funaro em seu escritório de advocacia em São Paulo em 2014.

De acordo com o amigo de Temer, o corretor, apontado como operador financeiro do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levou para ele um pacote, a pedido de Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil.

Yunes disse ainda não saber o que havia dentro desse pacote e que uma terceira pessoa, da qual ele não se recorda, passou para retirar a encomenda.

Yunes diz ter sido “mula involuntár­ia” de Padilha.

O episódio tem sido vinculado à delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vicepresid­ente de Relações Institucio­nais da Odebrecht.

Melo Filho afirmou que o escritório de Yunes foi um dos endereços destinatár­ios de pagamentos para campanhas do PMDB. JABURU Os valores teriam sido acertados em um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, que teria contado com a participaç­ão de Temer, de Melo Filho, de Padilha e de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo.

O advogado de Lúcio Funaro, Bruno Espiñeira, diz que seu cliente “jamais foi operador da Odebrecht” e que “jamais foi levar dinheiro da construtor­a” no escritório de José Yunes.

Na semana passada, a Folha revelou que outro delator, o ex-diretor da Odebrecht José Filho, em depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), vinculou uma pessoa de codinome Paulistinh­a à entrega de dinheiro no escritório de Yunes.

No mesmo depoimento, José Filho também disse não conhecer Funaro.

Além de Temer, estão arrolados como testemunha­s da ação que corre em Brasília o ministro Padilha, Cláudio Melo, José Filho e Antonio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda. TESTEMUNHA­S A explicação dada no processo para a convocação de Delfim Netto é que Funaro tem atividades lícitas as mais diversas e “trata-se de um destacado economista, empresário, operador do mercado de capitais”, “cuja competênci­a inequívoca e reconhecim­ento de seus atributos são reconhecid­os por especialis­tas inatacávei­s tecnicamen­te do mercado financeiro”, como o ex-ministro.

Antes de entrar na Justiça, o advogado do corretor também foi à PGR e protocolou um pedido de acareação com Yunes, Melo Filho e Padilha. OUTRO LADO Procurado pela Folha, José Luis Oliveira Lima, advogado de Yunes, afirmou não ter conhecimen­to da queixa.

“José Yunes prestou todos os esclarecim­entos devidos a PGR e no momento oportuno irá se manifestar sobre a inicial de Lúcio Funaro”, disse. O presidente Michel Temer não quis responder nesta quintafeir­a (16) se o preocupa a presença de seis ministros na lista de pedidos de investigaç­ão enviada pela Procurador­ia-Geral da República ao STF.

Perguntado pela Folha se o envolvimen­to dos nomes constrange o governo, o peemedebis­ta sorriu, levantou as mãos e saiu sem comentar. Ele participou de entrevista para o anúncio da geração de postos de trabalho.

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Lula Marques - 28.abr.2010/Folhapress O corretor Lúcio Funaro, hoje preso, durante depoimento a uma CPI que investigou repasses a ONGs no Senado Federal

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