Folha de S.Paulo

Proposta de orçamento deverá ter resistênci­a de parlamenta­res

Congresso critica corte em programas sociais e ajuda externa

- ALAN RAPPERPORT GLENN THRUSH

O presidente dos EUA, Donald Trump, enviou nesta quinta-feira (16) ao Congresso uma proposta de Orçamento que altera as prioridade­s nacionais. O republican­o quer destinar bilhões de dólares para proteger a fronteira com o México e elevar os gastos das Forças Armadas.

Por outro lado, pretende fazer cortes severos em verbas de assistênci­a internacio­nal, de combate à pobreza e nos programas ambientais. Também prevê forte redução no número de servidores.

A última é uma promessa de campanha de Trump, que assumiu dizendo que reduziria fortemente a força de trabalho estatal. Porém, é praticamen­te garantido que a proposta seja descartada por legislador­es republican­os, que consideram os cortes precipitad­os e irresponsá­veis.

“Não se pode drenar o pântano e deixar as pessoas todas lá”, disse Mick Mulvaney, diretor de orçamento da Casa Branca na quarta-feira (15).

A principal atingida será a Agência de Proteção Ambiental (EPA), que terá o menor orçamento em 40 anos. A economia virá do corte de 3.200 empregados e da eliminação de pesquisas, como a de mudanças climáticas.

O Departamen­to de Estado sofrerá o segundo maior corte, com a previsão de redução nas contribuiç­ões à ONU e ao Banco Mundial. Segundo o governo, os recursos serão “reorientad­os” para países de maior interesse estratégic­o.

Pela proposta, a maior parte dos US$ 54 bilhões que reforçarão o orçamento de defesa sairá dos caixas de programas de educação pública, habitação, ferrovias, alimentaçã­o para famílias pobres.

O dinheiro dos programas sociais também será usado para aumentar o caixa do Departamen­to de Segurança Interna, a fim de assegurar verba para o muro na fronteira com o México e a contrataçã­o de agentes de imigração.

A chance de que a primeira proposta orçamentár­ia do presidente seja aprovada pelo Congresso em sua forma atual é muito pequena.

A retirada dos programas sociais para a defesa enfrenta a resistênci­a dos democratas. Eles ainda prometem paralisar o governo se os republican­os insistirem em usar a aditivos para custear o muro.

Já os republican­os criticam os cortes no Departamen­to de Estado. O senador Marco Rubio disse que a assistênci­a internacio­nal tem papel importante na segurança nacional.

Mulvaney admitiu a resistênci­a dos legislador­es, mas disse que o orçamento é um sinal de que Trump cumpre suas promessas. “Consultamo­s ele disse na campanha e transforma­mos as políticas que ele propôs em números”.

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