Folha de S.Paulo

Grupo de telefonia deixa de apoiar o futebol do interior

Após dez anos, América Móvil retira patrocínio a clubes paulistas

- EDUARDO RODRIGUES LUIZ COSENZO

DINHEIRO

A saída do grupo América Móvil do futebol deixou muitos clubes do interior paulista em uma situação delicada.

Desde 2007, a empresa estampava as marcas NET, Claro e Embratel no lugar mais nobre das camisas das equipes do interior do Estado. No ano passado, seis clubes da Série A1 do Paulista tinham a empresa de telefonia celular como patrocinad­ora.

Para 2017, porém, a América Móvil, decidiu extinguir seu investimen­to nos clubes, obrigando-os a procurar outras fontes de recurso.

O São Bento e o Rio Claro, hoje na Série A2, fecharam acordos com outras empresas por valores mais baixos do que os cerca de R$ 300 mil por quatro meses de contrato pagos pelo grupo em 2016.

Já o Linense recebeu o apoio de seu ex-presidente Rogério Camara. Pelo mesmo valor que era pago pelo grupo, ele expõe a marca de sua empresa, a New Drop, que atua no setor de limpeza.

Mogi-Mirim (na Série A2), Botafogo e Novorizont­ino, no entanto, não tiveram a mesma sorte. Estão até hoje sem patrocinad­or principal.

“Foi uma decisão em dezembro e ficou muito difícil para nós. Tivemos que recorrer aos patrocínio­s pontuais, mas eles nunca chegam ao valor que era pago antes”, disse o presidente do Botafogo, Gerson Engracia Garcia, lamentando o fim da parceria de oito anos com o grupo.

O Novorizont­ino, que recebeu patrocínio da empresa por apenas um ano, culpa o calendário da temporada e a crise econômica pela dificuldad­e de achar novos apoios.

“Isso é uma consequênc­ia de um campeonato muito curto. Muitos times também não têm um calendário cheio durante o ano, além da dificuldad­e de investir no futebol. A crise dificultou o investimen­to das empresas”, afirmou o diretor executivo da equipe de Novo Horizonte, Luís Carlos Goiano.

Neste ano, apenas 16 times participam do Campeonato Paulista, quatro a menos que na edição anterior.

Procurado pela reportagem, o grupo América Móvil não explicou o motivo pelo qual decidiu deixar o futebol após dez anos. Afirmou apenas que “revisa permanente­mente as oportunida­des de patrocínio e segue comprometi­do com o desenvolvi­mento do esporte” —a empresa patrocinou os Jogos Olímpicos do Rio e o Aberto do Rio de tênis e é apoiadora da equipe Force India de F-1.

A intermedia­ção dos contratos era feita pela Klefer Marketing Esportivo, do empresário Kleber Leite. Em 2015 a empresa foi investigad­a pela Polícia Federal por suposto envolvimen­to no escândalo de corrupção da Fifa.

De acordo com a Klefer, o grupo é que decidia os times de interesse. A empresa não soube informar o que motivou a saída da América Móvil. DE CASA Além do Botafogo e do Novorizont­ino, o Audax, que tinha apoio da Calminex, e o São Bernardo, que estampava marca da Crefisa, não têm mais patrocínio principal entre os times pequenos da primeira divisão paulista.

“Temos que nos reinventar: crescer no plano de sócio, pacote para empresas, placas de campo, camarotes. Tentar suprir o valor perdido”, disse Thiago Ferreira, presidente do São Bernardo.

Para não seguir o mesmo destino, a maioria dos clubes se apoiam a empresas locais para não perder a renda.

É o caso do Ituano. Há dez anos, a indústria de bebidas Schin, de Itu, divulga sua marca no maior espaço do uniforme. A Poty, de Mirassol, apoia desde 2007 o clube da cidade. Santo André, São Bento e Linense usam a mesma estratégia não ficar com a camisa “limpa” no torneio.

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Rogério Moroti/Agência Botafogo Botafogo-SP disputa partida sem patrocinad­or principal
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Jose Luis Silva - 10.mar.2017/Código19/Folhapress Linense é patrocinad­o por empresa do ex-presidente

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