O advogado de Adriana Ancelmo, Alexandre Lopes,
A Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou nesta sexta-feira (17) que a advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), seja encaminhada para prisão domiciliar.
Adriana teve a prisão preventiva decretada em 6 de dezembro do ano passado, no âmbito da operação Calicute, desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro que levou à cadeia o ex-governador.
A decisão foi tomada na tarde desta sexta-feira (17) pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal, que atendeu a pedido da defesa.
Adriana poderá ficar em casa, desde que sem celular e internet.
Ela terá direito à visita dos advogados constituídos no processo e parentes de até terceiro grau. Todas as visitas precisarão ser registradas.
O juiz entendeu que os filhos pequenos do casal, de 10 e 14 anos, teriam criação comprometida longe da mãe.
Bretas já havia negado o mesmo pedido, quando da prisão da advogada, em dezembro. Argumentou à época que o tempo em que ela passaria longe dos filhos se assemelharia a uma das viagens que o casal costumava fazer ao exterior.
Atualmente, a advogada se encontra no Complexo Penitenciário de Bangu. A previsão é que ela vá para o apartamento da família, no Leblon, zona sul, no fim da próxima semana.
Antes, a Justiça fará uma vistoria para ver se o imóvel tem como atender às restrições impostas pela Justiça Federal.
Segundo as investigações, Adriana faria parte de suposto esquema de desvios de dinheiro e propina em obras no Estado do Rio, cujo líder seria o ex-governador.
Segundo o Ministério Público Federal, Adriana teria lavado dinheiro por meio da compra de R$ 6,5 milhões em joias entre 2007 e 2016.
Ela é acusada ainda de utilizar sua firma de advocacia para simular contratos de serviços nunca prestados para encobrir propinas atribuídas ao marido. TESTEMUNHA Réus em processos na justiça federal, Cabral e Adriana não foram julgados pelos crimes que lhes são atribuídos, entre eles corrupção e lavagem de dinheiro.
Nesta sexta, Bretas ouviu testemunhas de acusação no processo. Entre eles a gerente comercial da joalheria H.Stern, Maria Luiza Trotta.
Ela disse que desde 2014 vendeu joias no valor de R$ 6 milhões ao casal, parte das quais sem nota fiscal e a maioria em dinheiro vivo.
A gerente afirmou que teria recebido pagamentos inclusive em uma conta aberta na Alemanha.
Maria Luiza já havia prestado depoimento à Operação Lava Jato, mas nesta sexta testemunhou na condição de delatora.
Ela firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal um dia antes da oitiva. OUTRO LADO afirmou que sua cliente, na condição de advogada bem sucedida, tinha rendimentos que lhe permitiam adquirir joias e manter o alto padrão de vida revelado nas investigações.
Ele negou as acusações que constam do depoimento da funcionária da joalheria e criticou a inclusão da gerente como delatora.
“Ela está dizendo qualquer coisa para evitar a prisão. Se ela vendeu joias sem nota fiscal, ela e a empresa estão cometendo crime. Esses depoimentos têm que ser vistos com reserva. A Adriana tinha uma atividade lícita e bem remunerada”, argumentou Lopes.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa do ex-governador.