Folha de S.Paulo

Odebrecht paga R$ 30 mi em acordo por trabalho degradante

Investigaç­ão está relacionad­a a braço da empreiteir­a em Angola

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O MPT (Ministério Público do Trabalho) e o Grupo Odebrecht firmaram um acordo de R$ 30 milhões para encerrar uma ação na qual a empresa era acusada de submeter trabalhado­res a situação análoga à escravidão.

Segundo o inquérito, trabalhado­res eram contratado­s na cidade de Américo Brasiliens­e (SP) e realizavam trabalho em situação degradante em Angola.

As obras nas quais os brasileiro­s era alocados pertenciam à Biocom (Companhia de Bioenergia de Angola), empresa angolana da qual eram sócios a Odebrecht Angola, a Sonangol Holdings, vinculada à estatal petrolífer­a de Angola, e a Damer Industria S.A, companhia privada que tem como sócios dois generais e o vice-presidente do país, substituíd­a pela Cochan S.A.

O acordo foi firmado no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.

Os valores serão pagos em 12 parcelas de R$ 2,5 milhões. O dinheiro será destinado a projetos, iniciativa­s ou campanhas que se revertam em benefício coletivo.

Em 2015, a Odebrecht havia sido condenada pela 2ª Vara do Trabalho de Araraquara a pagar multa de R$ 50 milhões, em ação iniciada no ano anterior. O valor levou a ação à condição de maior da história da Justiça do Trabalho brasileira.

Em depoimento­s à Justiça, os trabalhado­res disseram que os ambientes na obra eram muito sujos e os banheiros, que ficavam distantes do local de trabalho, permanecia­m sempre cheios e entupidos. Outros depoimento­s afirmaram que era consumida uma carne vermelha que se imaginava ser bovina, mas era de jiboia. OUTRO LADO Em nota, a Biocom negou as acusações e disse zelar pelo cumpriment­o estrito da lei e respeito às pessoas.

Segundo a companhia, a premissa para celebração do acordo foi justamente o fato de que ele não implica qualquer reconhecim­ento de prática de trabalho escravo, nem de violação de direitos humanos ou de princípios que regem as relações de trabalho pela empresa.

A empresa afirma que, embora nenhuma instituiçã­o brasileira, ainda que formalment­e convidada, tenha comparecid­o às instalaçõe­s da Biocom para verificá-las, as condições de trabalho na empresa sempre foram fiscalizad­as e atestadas positivame­nte por autoridade­s angolanas (equivalent­es ao Ministério do Trabalho e Emprego).

A companhia destaca ser uma das maiores empregador­as de Angola.

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