Orçamento de republicano sofre resistência
DE NOVA YORK
Atacada por democratas e progressistas, a proposta de orçamento enviada ao Congresso pelo presidente Donald Trump foi recebida com aplausos, mas também com resistências, por republicanos e conservadores.
Os mais incomodados são parlamentares da base de Trump que defendem enxugar o Estado, mas temem repercussões negativas do encolhimento de programas que atendem suas bases.
A revista de direita “National Review”, por exemplo, considerou que o projeto de Trump apresenta mudanças “arrojadas e inovadoras” e defendeu sua peça central —a elevação em US$ 54 bilhões (10%) das despesas militares.
Considerada por alguns como um sinal da predisposição belicosa do presidente, a elevação do gasto militar já vinha sendo, na realidade, promovida pelo governo de Barack Obama, que destinou US$ 30 bilhões a mais ao setor no orçamento deste ano.
A “National Review” lembrou que as verbas para defesa, em meio à crise econômica, caíram 22% desde 2010 e se aproximam, em percentual do PIB (2,9%) de patamares inéditos desde a década de 1930. Alguns parlamentares próximos a Trump consideraram o aumento para os gastos do Pentágono são ainda insuficientes.
Os mais críticos entre as fileiras republicanas ressalvam a necessidade de reduzir o deficit federal mas se queixaram dos critérios para cortes em programas e agências governamentais —considerados draconianos, descuidados e contraproducentes.
Um dos aspectos controversos da proposta, que reduz fundos para áreas sensíveis como ambiente e educação, é a previsão de uma parcela inicial de US$ 4,1 bilhões para a construção do muro na fronteira com o México.
As primeiras estimativas apontavam que a obra custaria entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões —mas há quem calcule que a despesa total possa ser de US$ 20 bilhões. Enquanto parlamentares republicanos querem mais informações sobre o muro, democratas ameaçam criar dificuldades no Congresso caso a previsão seja mantida.
A proposta de Trump refere-se apenas a uma parcela do orçamento federal, a que compreende as despesas discricionárias.
No orçamento atualmente em vigor, de um total de US$ 4,073 trilhões, os gastos discricionários somam US$ 1.241 trilhões. Já as despesas obrigatórias, que exigem mudanças na legislação para serem modificadas, são de US$ 2.606 trilhões —enquanto os juros da dívida pública atingem US$ 266 bilhões. A previsão de receita para este ano fiscal, que se encerra em setembro, é de US$ 3.632 bilhões —o que gera um déficit de US$ 441 bilhões. (MAG)