Folha de S.Paulo

De Verificaçã­o, criado em 2011, e pelo governo basco. Centenas de pessoas vão participar da ação.

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A milícia separatist­a basca ETA, responsáve­l pela morte de mais de 800 pessoas durante décadas de atividade na Espanha e na França, anunciará seu desarmamen­to definitivo e incondicio­nal.

A informação foi publicada nesta sexta-feira (17) pelo jornal francês “Le Monde”, citando um ativista basco envolvido no processo.

O ETA já havia anunciado um cessar-fogo unilateral em 2011, mas ainda não havia entregado suas armas, o que agora está previsto acontecer até 8 de abril, revelando dois esconderij­os de arsenal na região da fronteira francesa.

A notícia foi recebida com cautela. O ETA encenou, no passado, falsas entregas de armas. Em outras ocasiões, as negociaçõe­s de desarmamen­to foram interrompi­das.

Dentre outras demandas atreladas ao fim de suas atividades, o ETA pede que militantes detidos possam cumprir suas penas perto da região basca.

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, reagiu à notícia dizendo que o ETA “deveria dissolver-se” e rejeitou fazer qualquer concessão à milícia.

“O governo da Espanha continuará fazendo o que sempre fez: aplicar a lei, que é a mesma para todos”, afirmou Rajoy em reunião do Partido Popular, sigla conservado­ra da qual é líder.

Considerad­o uma organizaçã­o terrorista, o ETA foi formado no fim dos anos 1950 e defende a criação de um Estado basco independen­te no norte da Espanha e no sul da França. A sigla que forma o nome do grupo significa “País Basco e Liberdade”, na língua basca.

Suas atividades incluíram, antes de renunciar à violência, sequestros e ondas de ataques a bomba.

A organizaçã­o foi desmobiliz­ada nos últimos anos por uma campanha de prisões, incluindo a de seus líderes, levada a cabo pelo governo espanhol.

Intermediá­rios civis irão informar a Justiça francesa sobre a localizaçã­o exata dos esconderij­os de armas.

O desarmamen­to será supervisio­nado pelo Comitê Internacio­nal SIMBÓLICO Estima-se que o armamento do ETA seja hoje bastante reduzido, pelo que a entrega terá importânci­a simbólica.

Segundo o jornal espanhol “El País”, a última apreensão do arsenal do ETA pela polícia francesa, em dezembro, limitou-se a menos de 50 armas, o que na época foi estimado como 20% do total.

O esvaziamen­to do ETA é em parte creditado a Alfredo Pérez Rubalcaba, ex-ministro do Interior espanhol (20062011) e ex-líder socialista.

Rubalcaba disse à Folha no ano passado que a derrota da organizaçã­o terrorista havia sido o resultado de uma combinação de fatores, como as ações policiais e a condenação internacio­nal.

A Espanha deteve e isolou a liderança do ETA e, em paralelo, incentivou o debate social sobre o grupo.

“Foi importante que o País Basco dissesse que o ETA não lutava por sua libertação”, disse.

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