SP confirma 8ª morte por febre amarela no Estado
O novo comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Nivaldo Cesar Restivo, 52, disse considerar “legítima e necessária” a ação da corporação em 1992 que resultou na morte de 111 presos —no episódio conhecido como “massacre do Carandiru”.
As declarações do oficial, nomeado pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) ao posto mais importante da PM no Estado, foram dadas nesta sexta-feira (17), logo após a cerimônia de troca de comando na academia do Barro Branco, zona norte da capital.
O coronel não quis, no entanto, dar mais detalhes do posicionamento e não falou, por exemplo, se afastava a tese de massacre, alegando não querer interferir no processo judicial ainda em trâmite.
Restivo foi instado a falar sobre esse episódio porque participou da operação no Carandiru e foi um dos PM denunciados pelo Ministério Público sob suspeita de ter participado de atos de violência no trabalho de contagem dos presos sobreviventes.
O novo comandante disse que, à época, era tenente no 2º Batalhão de Choque e responsável pelo suprimento do material logístico da tropa que atuava na operação.
“Eu não tinha tropa sob meu comando. Não participei de intervenção direta, de qualquer natureza, seja para controlar o tumulto que se instalou, seja depois para o rescaldo, ou o que quer que seja”, disse o oficial.
O coronel disse que chegou a ter uma espécie de proposta de acordo para o trancamento do processo judicial, mas preferiu que a ação prosseguisse para que provasse sua inocência. “Porque eu tenho a convicção que minha participação no episódio não revela aquilo que tem na denúncia, sem críticas a qualquer instituição”, afirmou.
Filho de um sargento reformado da PM, Restivo tem uma carreira ligada ao batalhão do choque, inclusive foi comandante da Rota.
Questionado sobre como será a atuação desse grupo de elite da PM em sua gestão, ele disse que a Rota continuará trabalhando de forma técnica e empregada nos lugares onde for mais necessária.
Ele assumiu o cargo em substituição ao coronel Ricardo Gambaroni, que se aposentará em maio deste ano.
Embora não admita oficialmente, o governo Alckmin decidiu antecipar a troca do comando por insatisfação com Gambaroni, após seguidos aumentos nos índices de roubos no Estado.
Uma das demonstrações disso foi o anúncio do secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho, após a cerimônia de troca de comando, de que o governo poderá modificar a legislação para que Restivo não precise deixar o comando no início do ano que vem e possa ficar até o final deste governo.
Em fevereiro de 2018, ele completa cinco anos como coronel e, pelas regras atuais, precisará deixar o cargo.
“Eu encaminhei uma proposta de alteração legislativa que permitirá que, não só o atual comandante, mas qualquer comandante-geral da Polícia Militar, possa ficar até o término do mandato do governador”, disse Mágino.
Ele continuou. “Então, eu já fiz essa proposta de alteração, foi para assessoria técnica legislativa e, se o governador concordar, ela será encaminhada pela Assembleia”, afirmou o secretário.
Durante a cerimônia de troca de comando, Gambaroni fez um longo discurso de despedida e apresentou uma série de medidas implantadas durante sua gestão. Teve a fala mais demorada até mesmo que o novo comandante.
Dos casos, três foram com transmissão local
A Secretaria da Saúde de São Paulo confirmou a morte de um homem por febre amarela silvestre autóctone (transmissão local) em Araraquara (a 273 km de SP).
Essa é a oitava morte no Estado neste ano e a terceira por transmissão local —as outras duas mortes autóctones foram em Américo Brasilense e Batatais. Nas demais mortes, a doença foi contraída em MG.
A secretaria alerta que a vacina contra a febre amarela é indicada apenas aos moradores de áreas de risco definidas pelo Ministério da Saúde e para aqueles que vão viajar a esses locais.
Segundo a pasta, a imunização não está indicada para gestantes, mulheres amamentando crianças com até seis meses e imunodeprimidos, como pacientes em tratamento quimioterápico, radioterápico ou com corticoides em doses elevadas (portadores de Lúpus, por exemplo).
De acordo com o ministério, não há registro até o momento de transmissão urbana da doença, o que ocorreria por meio de outro vetor, o mosquito Aedes aegypti. A febre amarela urbana não é registrada no Brasil desde 1942.
O risco de um retorno da febre amarela urbana, no entanto, não pode ser descartado, aponta a OMS.