Folha de S.Paulo

Empresa nega débito e cita disputa judicial

- ROGÉRIO GENTILE ROGÉRIO PAGNAN

DE SÃO PAULO

A empresa de software Oracle do Brasil Sistemas Ltda. deve cerca de R$ 326,8 milhões em impostos à cidade de São Paulo, segundo a prefeitura, e mantém ao menos três contratos com o município.

O nome da empresa consta de uma lista obtida pela CPI da Dívida Ativa, aberta na Câmara Municipal, com o objetivo de investigar os grandes devedores da prefeitura.

São Paulo tem hoje a receber cerca de R$ 100 bilhões em tributos não pagos, o equivalent­e a quase dois orçamentos da cidade, ainda que 38% desse valor seja constituíd­o de créditos podres (de dificílima recuperaçã­o).

Com o montante que a prefeitura diz ter a receber da Oracle seria possível fazer, por exemplo, a manutenção dos 106 parques municipais por três anos —por falta de recursos, o prefeito João Doria (PSDB) decidiu repassar a ges- tão dos parques para a iniciativa privada, em concessão.

Fundada em 1977, a Oracle é uma das maiores empresas de software do mundo —atua em mais de 140 países. A subsidiári­a brasileira foi criada em 1988 e tem 10 mil clientes.

A empresa possui ao menos três contratos com a prefeitura, que somam R$ 17,5 milhões. Nos três casos, não houve concorrênc­ia, pois a empresa, segundo a prefeitura, é a fornecedor­a exclusiva dos equipament­os desejados.

O maior deles, de R$ 15,2 milhões, foi prorrogado no ano passado, ainda na gestão de Fernando Haddad (PT), até maio de 2018 e é de prestação de serviço de atualizaçã­o de

DE SÃO PAULO

A Oracle do Brasil afirma não ter dívidas com a Prefeitura de São Paulo.

Segundo nota enviada pela empresa, “a Oracle e a prefeitura licenças de software e manutenção dos programas de computador Oracle (CO-02.05/14).

Como deve tributos à prefeitura (ISS, Imposto sobre Serviços), em tese, a empresa não poderia ser contratada pelo município. O nome da Oracle do Brasil, porém, não consta do Cadin (Cadastro de Informativ­o Municipal), que contém as pendências de pessoas físicas e jurídicas perante a administra­ção.

Uma empresa citada ali, pela legislação, não pode celebrar contrato com a prefeitura que envolva desembolso de recursos financeiro­s.

Segundo a prefeitura, porém, duas decisões judiciais obtidas pela empresa, que têm um entendimen­to diferente sobre um assunto técnico tributário que resultou em um litígio”.

A empresa diz que o processo ainda não obteve uma decisão final da Justiça.

“O valor total em disputa está depositado judicialme­nte em uma conta bancária e estará disponível para o vencedor assim que o caso for encerrado”, afirma a empresa. CPI A CPI da Dívida Ativa pretende convocar a Oracle a participar, assim como outras empresas, de audiência pública para tratar da dívida. A ideia é negociar um acordo pelo qual as empresas se compromete­riam a pagar as dívidas em 90 dias, com descontos.

A Secretaria da Fazenda disse que analisará a proposta, que teria de ser aprovada por meio de um projeto de lei de autoria da administra­ção.

Só 50 empresas respondem por R$ 30 bilhões dos R$ 100 bilhões em tributos não pagos à prefeitura. As maiores dívidas são do Banespa (sucedido pelo Santander, R$ 2,89 bilhões), da Cia Itauleasin­g de Arrendamen­to Mercantil Grup (R$ 2,86 bilhões) e da Unimed Paulistana (R$ 1,83 bilhão). 7. Dixie Toga Ltda. 8. Banco do Brasil S.A. 9. Unibanco União de Bancos Brasileiro­s S.A., sucedido por Itaú Unibanco 10. American Express do Brasil Tempo Ltda. 30. Oracle > Fundada em 1977, é uma das maiores empresas de software do mundo; está em mais de 140 países > Chegou ao Brasil em 1988, onde tem cerca de 10 mil clientes

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