Vereadora do PSOL relata ameaça e xingamento de colega na Câmara
Camilo Cristófaro, do PSB, nega agressões a Isa Penna
O vereador Camilo Cristófaro (PSB), o Camilinho, empurrou e xingou a vereadora do PSOL Isa Penna na noite desta quinta-feira (16), segundo relato dela. A confusão começou por volta das 19h30 dentro do elevador da Câmara Municipal de São Paulo.
De acordo com Isa, ele a xingou de “vagabunda”, “terrorista”, “cocô de galinha” e disse que ela não deveria ficar surpresa se “tomar uns tapas na rua”. Ela afirmou que, já fora do elevador, Cristófaro se aproximou e lhe deu “um empurrão de leve”.
O vereador nega. “Não teve confusão nenhuma. Quem falou, mentiu”, disse à Folha. Questionado sobre o relato fornecido à reportagem de que a discussão teria ocorrido no elevador, ele afirmou: “Quem te falou foi ela [a vereadora]. Você vem com essa conversa de PSOL. Não vem com conversa para cima de mim, a Folha não me pega. Põe o que vocês quiserem aí”, respondeu, desligando em seguida.
A vereadora diz acreditar que ele estivesse incomodado com seu discurso no plenário no dia anterior, quando se posicionou contra a reforma da Previdência do governo Temer (PMDB) e disse ser “lamentável a postura dos vereadores” durante os discursos.
Parte do relato da vereadora foi confirmado pela ascensorista. Segundo ela, o vereador entrou no 4º andar acompanhado de duas pessoas. Um piso abaixo, entrou Isa.
Em seguida, Cristófaro teria dito: “Cuidado com essa sua boca porque você não sabe com quem está mexendo”. Segundo a testemunha, a vereadora respondeu. “Quem é você? Nem te conheço.”
A discussão seguiu na saída do elevador, mas a ascensorista afirma não ter ouvido mais o teor do bate-boca.
No elevador, Cristófaro teria dito que pediria a cassação de Isa. “Eu respondi: ‘Pois não, vereador’. Ele então começou a me xingar: ‘Você acha que você é quem? Vagabunda, terrorista’”, afirma. A vereadora é suplente de Toninho Vespoli, também do PSOL, que se licenciou por motivos pessoais. Ela assumiu no dia 8 de março.
A Corregedoria da Câmara vai instaurar sindicância por suspeita de quebra de decoro contra Cristófaro. Segundo o presidente da Casa, Milton Leite (DEM), isso ocorrerá porque a vereadora prestou queixa acompanhada da testemunha. O processo tanto pode ser arquivado como resultar em cassação, o que só é possível com aprovação de 37 dos 55 vereadores.