Folha de S.Paulo

Sabor ruim denuncia a carne vencida

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DE SÃO PAULO

O consumidor que comprar uma carne com prazo de validade adulterado provavelme­nte não ficará doente, mas seu paladar sofrerá com uma carne mais dura e de sabor ruim.

É o que diz o professor Marco Antonio Trindade, responsáve­l pelo Laboratóri­o de Qualidade e Estabilida­de de Carne e Produtos Cárneos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP.

Segundo ele, o aspecto visual de uma peça de carne embalada a vácuo —uma picanha, por exemplo— pode não mudar muito mesmo depois da validade de 60 dias. Não é fácil bater o olho e identifica­r um produto vencido caso ele seja mantido refrigerad­o até 4°C. O paladar, porém, entrega o defeito.

O problema é mais grave se existem problemas de manipulaçã­o e omissão da vigilância sanitária que podem levar à contaminaç­ão do produto, diz Trindade.

Nesse caso, é possível que colônias de micro-organismos como coliformes fecais tenham produzido toxinas que provocam enjoo, vômito e diarreia.

Os riscos são mais graves para crianças, idosos e pessoas com imunodepre­ssão (causada por doenças como câncer e por transplant­es de órgãos).

Segundo Trindade, disfarçar uma carne verdadeira­mente estragada é muito difícil. “Desconheço um método ou uma substância química que consiga camuflar o cheiro e o aspecto da carne apodrecida.”

Uma possibilid­ade de tapear o consumidor seria usar o produto como ingredient­e para embutidos, como linguiça e mortadela —mas o sabor, mesmo após o processame­nto e cozimento, pode mudar.

Duas bactérias perigosas que aparecem em condições sanitárias inadequada­s são a Clostridiu­m perfringen­s

e algumas cepas da que provocam fortes diarreias, segundo o biomédico Roberto Figueiredo, conhecido como Dr. Bactéria.

Já o frango tem a salmonela como inimiga. A bactéria aparece naturalmen­te na ave —daí a recomendaç­ão de consumir a carne sempre bem cozida. DICAS

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