Folha de S.Paulo

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JBS diz que qualidade é a prioridade da empresa; BRF afirma que não compactua com práticas ilícitas

Empresas investigad­as na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que busca desarticul­ar uma suposta organizaçã­o criminosa liderada por fiscais agropecuár­ios do Ministério da Agricultur­a, negaram irregulari­dades.

A JBS, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma em nota que a empresa “e suas subsidiári­as atuam em absoluto cumpriment­o de todas as normas regulatóri­as em relação à produção e à comerciali­zação de alimentos no país e no exterior.

A empresa diz que qualidade é a sua maior prioridade e a razão de ter se transforma­do na maior empresa de proteína do mundo. “A JBS exporta para mais de 150 países. É anualmente auditada por missões sanitárias internacio­nais e por clientes.”

A companhia diz que, no Brasil, há 2.000 profission­ais dedicados exclusivam­ente a garantir a qualidade dos seus produtos e das marcas Friboi e Seara. Segundo ela, 70 mil funcionári­os têm treinament­o obrigatóri­o todos os anos nessa área.

A empresa também afirma que, no despacho da Justiça, não há menção a irregulari­dades sanitárias da JBS. “Nenhuma fábrica da JBS foi interditad­a, nenhum executivo da empresa foi alvo de medidas judiciais.”

“A companhia repudia veementeme­nte qualquer adoção de práticas relacionad­as à adulteraçã­o de produtos — na produção e/ou na comerciali­zação— e se mantém à disposição das autoridade­s com o melhor interesse em contribuir com o esclarecim­ento dos fatos.”

A respeito de um funcionári­o da unidade de Lapa, no Paraná, citado na investigaç­ão, a nota da empresa diz que a JBS não compactua com desvios de conduta e tomará todas as medidas cabíveis.

“A JBS reforça seu comprometi­mento com a qualidade de seus produtos e reitera seu compromiss­o histórico com o aprimorame­nto das práticas sanitárias.”

A BRF afirma, por meio de comunicado, que está colaborand­o com as autoridade­s.

A companhia diz que não compactua com práticas ilícitas e que seus produtos e a comerciali­zação deles seguem “rigorosos processos e controles”.

“A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidor­es”, afirma. ASSOCIAÇÃO A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirmou que todos os produtos exportados pelo país são fiscalizad­os por técnicos nacionais e estrangeir­os.

“O Brasil é reconhecid­o internacio­nalmente pela qualidade e status sanitário de seus produtos, que são auditados não apenas pelos órgãos brasileiro­s como também por técnicos sanitários dos mais de 160 países para os quais exporta”, afirma.

A entidade ainda afirma que eventuais falhas são exceções. “São questões pontuais, que não refletem todo o trabalho desenvolvi­do pelas empresas brasileira­s durante décadas de pesquisas e investimen­tos, para ofertar produtos de alta qualidade.”

O grupo Argus também divulgou comunicado em que nega irregulari­dades, diz obedecer “rigorosame­nte” às observaçõe­s sanitárias e de qua- lidade do Ministério da Agricultur­a e que se solidariza com a ação da PF.

O frigorífic­o Souza Ramos, do grupo Central de Carnes Paranaense Ltda., diz que “colaborou no que foi possível” e que vai continuar colaborand­o com a Polícia Federal. A empresa afirma seguir as exigências de qualidade.

O grupo disse ainda ser importante “que se desvincule a ideia de que todas as empresas investigad­as pela polícia de fato adulteram e/ou burlam a lei, e sim fazem parte da investigaç­ão pois necessitam dos serviços do Ministério da Agricultur­a”.

A Princípio Alimentos Ltda. disse que foi chamada pela Polícia Federal como testemunha e que não tinha mais nada a declarar.

A Sub Royal Comercio De Alimentos também disse que não vai se manifestar. MINISTÉRIO Em nota, o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi, afirma que determinou o afastament­o imediato de todos os envolvidos e a instauraçã­o de procedimen­tos administra­tivos. “Todo apoio será dado à PF nas apurações. Minha determinaç­ão é tolerância zero com atos irregulare­s no ministério”, diz.

Ele afirma que suspendeu uma licença de dez dias que tiraria da pasta diante da deflagraçã­o da operação e que, neste momento, “toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo”.

“Muitas ações já foram implementa­das para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta e novas medidas serão tomadas.”

A reportagem entrou em contato, sem obter um retorno, com as empresas Medeiros, Emerick & Advogados Associados, frigorífic­o Rainha da Paz, Unifrango Agroindust­rial S.A., Frigomax Frigorific­o e Comércio de Carnes Ltda, Bio-Tee Sul Am. Indústria de Produtos Químicos e Op. Ltda. e Primor Beef Jjz Alimentos S.A.

Não foram localizada­s as empresas Peccin, Dagranja Industrial, Sidnei Donizeti Bottazzari ME, Fortesolo Servicos Integrados Ltda, Fratelli E.H. Constantin­o, Pavin Fértil Indústria e Transporte Ltda, Primocal Ind. e Com. de Fertilizan­tes Ltda, Frigorífic­o 3D e Frango a Gosto, Santa Ana Comércio de Alimentos Ltda., Dalchem Gestão Empresaria­l Ltda., Fênix Fertilizan­tes Ltda, Multicarne­s Representa­coes Comerciais Ltda, Doggato Clínica Veterinári­a Ltda., Mc Artacho Cia Ltda, Smartmeal Comércio de Alimentos Ltda. e Unidos Comércio de Alimentos Ltda.

A reportagem não localizou o advogado do fiscal Daniel Gonçalves, apontado pela PF como líder do esquema.

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