Barragem com água do rio vira praia sertaneja
DOS ENVIADOS AO NORDESTE
Udemário Azevedo da Silva, 40, pintor desempregado, há anos só toma banho de cuia. Paga R$ 15 por mil litros de uma água de caminhãopipa que vem sempre salobra. “Se eu vir um chuveiro agora, até estranho, vou achar que é chuva”, brinca.
Morador de Sertânia, cidade no sertão pernambucano em que começaram a ser cheias quatro barragens da transposição, ele estava no sábado retrasado em uma delas, a de Campos, com uma caixa de cerveja e refrigerante para vender. Pegava carona na sombra de um toldo meio ro- to do primo Alexsandro Alexandre da Silva, 30, e da mulher dele, Zuleide Francisca da Silva, 30, ambos igualmente desempregados e que também levaram bebidas para vender à beira da barragem, tornada lazer desde a chegada das águas, há três semanas.
Numa região em que água é festa, as piscinas das barragens da transposição viraram praias. Entre eufóricos e embevecidos, os moradores ignoram as placas que proíbem o banho e alertam para o risco de afogamento.
“Pode vir polícia como for, não tem como impedir a alegria. Os cabras estão tudo besta”, afirma Alexsandro.
No sábado retrasado, quatro amigos jovens entre 18 e 21 anos foram em duas motos à barragem. Joan, Douglas, Felipe e Taciano levaram pão com mortadela e um refrigerante de laranja.
Comeram e nadaram. A última vez em que mergulharam em águas naturais foi há