Folha de S.Paulo

Escândalo lança dúvidas sobre oferta de ações da JBS

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DE SÃO PAULO

Executivos da JBS mal haviam acordado na sexta-feira (17) quando mensagens em seus celulares começaram a pulular. A gigante do setor de alimentos e maior produtora de carne bovina do mundo era um dos alvos da Operação Carne Fraca, deflagrada no início daquela manhã.

Nas horas que se seguiram, a cúpula da empresa, na sede brasileira em São Paulo e na base americana no Colorado, ficaria dedicada a entender a extensão do problema —a operação mirou 32 companhias— e dividir-se para tentar tranquiliz­ar clientes e investidor­es ao redor do mundo.

Os telefones da empresa tocaram incessante­mente. Eram ligações de varejistas, grandes supermerca­dos e redes de fast food, que compram carne ou industrial­izados da JBS. A empresa é dona de uma miríade de marcas, entre elas Friboi e Seara.

A divulgação da Carne Fraca lançou dúvidas, num primeiro momento, sobre a qualidade do produto da JBS, que vende ao mercado interno e para mais de 150 países.

A empresa, porém, não teve fábricas interditad­as e não há menção no relatório da PF a irregulari­dades sanitárias da companhia, como a ven- 10 30.jun 2016 da de produtos estragados.

Na noite de sexta, executivos da JBS, que teve receitas de R$ 170 bilhões em 2016, diziam haver incerteza sobre os prejuízos práticos da investigaç­ão para o negócio. O alto escalão da JBS compartilh­ava, porém, duas certezas: o dano à imagem da empresa era real e a turbulênci­a não se encerraria naquele dia. PODER DE FOGO Uma das principais dúvidas é como ficará o cronograma para abertura de capital da JBS Foods Internatio­nal, dona de todos os negócios da JBS fora do Brasil, na Bolsa de Nova York. A operação, curada, a empresa disse que não comentaria o processo.

As ações da JBS na Bolsa brasileira têm sofrido abalos. Desde julho passado, a empresa enfrenta os efeitos de investigaç­ões que miram a J&F, conglomera­do da família Batista que comanda a JBS e também outras empresas como a Alpargatas (calçados), Flora (higiene e limpeza), Vigor (derivados do leite) e Eldorado (celulose).

As operações Sépsis, da Lava Jato, Greenfield e Cui Bono apuram se a J&F pagou propina a políticos e funcionári­os públicos para obter,

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