Folha de S.Paulo

Questiono. Ele prefere não enfrentar. Prefere dar tempo a tempo. Diz que está com a consciênci­a tranquila.

- COLUNAS DA SEMANA segunda: Juca Kfouri e PVC, quarta: Tostão, quinta: Juca Kfouri, sábado: Mariliz Pereira Jorge, domingo: Juca Kfouri, PVC e Tostão

DUDU CHEGOU ao Palmeiras em janeiro de 2015 e desde então jogou quatro vezes na Vila Belmiro. Perdeu todas. No único empate desde sua chegada, na semifinal do Campeonato Paulista do ano passado, o atacante não pôde jogar por lesão.

Há cinco anos, o Santos não perde do Palmeiras em sua casa, jejum de onze partidas com nove vitórias e dois empates. Para os palmeirens­es, é um dos últimos resquícios de uma época sem esperança, sem troféus.

Muita gente atribui o sucesso recente do Palmeiras ao dinheiro da Crefisa, mas o nome da empresa já estava estampado no uniforme em 2014, ano em que só a última rodada salvou do rebaixamen­to. Não é possível falar em uma época atrelada à Crefisa, como se dizia sobre a “era Parmalat”.

Mas existe um ponto comum a todos os capítulos da reconstruç­ão palmeirens­e: Dudu.

Sua chegada, há dois anos, ficou famosa pelo chapéu dado em Corinthian­s e São Paulo, que brigavam publicamen­te pela contrataçã­o do atacante. O Palmeiras atravessou o negócio numa tentativa de mostrar que estava de volta ao mercado dos grandes e de recuperar a autoestima da torcida.

Demorou um tempo até se firmar. Houve a suspensão pelo empurrão no árbitro Guilherme Cereta de Lima na decisão do Paulista de 2015. Depois disso, a vida melhorou. Dudu fez os dois gols da vitória na final da Copa do Brasil contra o Santos, em 2015, e foi o melhor jogador do Brasileirã­o de 2016. Quando Gabriel Jesus diminuiu o número de gols, no segundo turno, Dudu compensou com o recorde de assistênci­as do campeonato. Foram dez.

Foi o jogador fundamenta­l de dois torneios que o Palmeiras não começou como favorito, e venceu. Hoje, ele disputa com Diego, do Flamengo, o posto de melhor jogador em atividade no Brasil.

Neste início de ano, o Palmeiras O senhor recebeu propina antes de uma votação polêmica?

Eles têm dificuldad­e de chegar perto de mim. Que isso existe, existe. Já ouvi insinuaçõe­s, mas nunca dei chance. O senhor foi investigad­o pela CPI do Futebol em 2011, que apontou que o senhor cometeu de Eduardo Baptista disputou dez jogos e marcou 19 gols. Dudu fez dois e é um dos goleadores da equipe. Também é o líder de assistênci­as outra vez, com seis.

Significa que 42% do ataque passa por seu pé. “Meu sonho é conquistar mais títulos pelo Palmeiras e marcar meu nome na história do clube”, diz. “Se continuar trabalhand­o bem, também posso ter a oportunida­de de disputar a Copa do Mundo pela seleção.”

Dudu já jogou na Europa, pelo Dínamo de Kiev, e voltou de lá aos 23 anos. Num tempo em que os jogadores nascem pensando em transferên­cias para o exterior, o

Cada um tem seu estilo. Eu não me encolheria. Ia enfrentar, mas não faço juízo de valor dos outros. O senhor disse isso a ele? atacante do Palmeiras pode pensar na consagraçã­o aqui dentro.

Neste ano, só Dudu e Fernando Prass começaram todas as dez partidas oficiais. Nas campanhas de títulos da Copa do Brasil de 2015 e do Brasileiro de 2016, só Dudu e Vitor Hugo foram titulares sempre.

Os técnicos mudaram três vezes em dois anos. De Oswaldo de Oliveira para Marcelo Oliveira, para Cuca e agora Eduardo Baptista. O presidente era Paulo Nobre e agora é Maurício Galiotte.

É tudo diferente do passado. A era Parmalat teve Edmundo e Evair no bi brasileiro, mas era totalmente diferente na Libertador­es de 1999. Entre as duas academias, de 1965 e 1972/73, havia somente uma dupla em comum: Dudu e Ademir da Guia.

Se a época de títulos do Palmeiras continuar, Dudu pode virar um símbolo.

comum a todos os capítulos da reconstruç­ão palmeirens­e: Dudu

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil