Folha de S.Paulo

Dendo as pessoas, e eles viram que não era isso. Agora são a favor também.”

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Moro foi pontual e conversou sobre coisas leves —o filme “Spotlight”, do qual é fã, e hobbies como jogar tênis. Segundo o ator, o magistrado foi simpático, mas “fechadão”. “Ele não fala muito, é muito sério. Tentei ficar amigo dele no WhatsApp, mas ele me ignorou”, conta sorrindo.

O almoço foi um encontro único. “Eu peguei alguns trejeitos, mas aprendi mais vendo palestras dele no YouTube. O [diretor] Marcelo Antunez pediu para que seja uma atuação com muita verdade, uma coisa sutil.”

O ator terminou de gravar suas cenas antes do Carnaval. Mas a filmagem do longa continuou. O filme terminará com a condução coercitiva do ex-presidente Lula — portanto deixando de fora a prisão da maioria dos empresário­s e políticos. A ideia, diz o produtor Tomislav Blazic, é completar uma trilogia sobre a Lava Jato.

Não diz quem são esses amigos. “São os de esquerda. Eu convivo com pessoas que pensam de vários jeitos, e muitos são de esquerda. Eu também. Eu sou um cara de esquerda, sempre fui. Nem todo mundo que foi a favor do impeachmen­t é a favor desse governo.”

Serrado estava no grupo de atores que foi para os protestos contra a corrupção no ano passado —uma foto deles na van com camisetas do “Bloco do Moro” foi uma das mais compartilh­adas na época.

O ator ficou em dúvida se aceitaria o papel quando leu o roteiro. “Pensei: será que vou fazer um filme agora, com toda essa efervescên­cia, com os ânimos acirrados?”

Diz ficar inconforma­do com radicalism­os “de um lado e de outro”. “O que aconteceu com a Letícia Sabatella [xingada em um protesto por defender o governo Dilma] é absurdo, ela tem o direito de se posicionar. Assim como Zé de Abreu tem o direito de dizer o que pensa. Vivemos numa democracia.”

“Tem que ver como será a repercussã­o e se vou ter tempo”, diz ele, que está escalado para ser um vilão na nova novela das sete da Globo, “Pega Ladrão”, e para “O Sétimo Guardião”, em 2018. Também vai fazer um segundo filme sobre seu personagem mais famoso: o mordomo gay “Crô”, que surgiu em “Fina Estampa” (2011).

Serrado encerra a conversa otimista. “Dessa confusão toda nos últimos anos, uma coisa boa é que as pessoas estão se interessan­do mais por política. A gente tem que acreditar que o Brasil vai melhorar, né?”

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Raquel Cunha/Folhapress O ator na Sapucaí em desfile de Carnaval do Rio de Janeiro
 ?? Jorge Hely - 13.mar.2016/Brazil Photo Press/Folhapress ?? Serrado e a atriz Susana Vieira protestam contra a corrupção
Jorge Hely - 13.mar.2016/Brazil Photo Press/Folhapress Serrado e a atriz Susana Vieira protestam contra a corrupção

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