Com um cartaz que dizia “Minhocão livre” no carrinho de bebê onde carregava sua filha, o arquiteto Pedro Nitsche,
DE SÃO PAULO
Fazia frio e o sol já começava a se pôr quando um grupo de pessoas começou uma caminhada em silêncio na tarde deste domingo (19) no Minhocão (Elevado João Goulart), em São Paulo, onde pedestres e ciclistas passeavam.
Eram cerca de cem pessoas protestando contra a possível restrição à circulação de pessoas na via que fica na região central, cogitada pela gestão João Doria (PSDB).
A prefeitura estuda diminuir o período em que os pedestres teriam acesso à via aos sábados e aos domingos.
Hoje, o Minhocão fecha para carros nos sábados às 15h e só reabre às segundas. Segundo a proposta, a via só ficaria aberta para pedestres aos sábados das 15h30 às 19h e aos domingos das 10h às 16h. O local abre para pedestres também durante a semana à noite, a partir das 21h30.
Segundo a proposta, o espaço utilizado ficaria mais curto –só 1,5 km dos 3,5 km do Minhocão.
A mudança segue o Ministério Público, que abriu procedimento sobre o uso do local por pedestres. O promotor César Martins, responsável pelo caso, disse à coluna “Mônica Bergamo”, da Folha, que as medidas buscam proteger os frequentadores e diminuir o incômodo de mo- radores do entorno.
O protesto deste domingo (19) foi organizado pela associação Parque Minhocão, que defende que a via funcione como uma área de lazer. Já outros moradores do entorno, que formam o movimento Desmonte do Minhocão, dizem que sua abertura para pedestres fere a saúde e a segurança dos vizinhos e defendem sua demolição. ESPAÇO DE LAZER 41, caminhava dizendo que São Paulo tem a “oportunidade de ter um parque, um espaço de lazer a mais” e, por isso, “não pode fechá-lo”.
Para o arquiteto Felipe Rodrigues, 27, da associação Parque Minhocão, o espaço é “o único de lazer” que tem como morador do entorno. “Restringir seria um retrocesso. E a demolição não geraria nada para a cidade, porque a prática do esporte e do lazer não seria assegurada.”
Com gritos pontuais como “o Minhocão é nosso” e “vem pra rua”, o silêncio era rompido por manifestantes de quando em quando.
Vestidos como três porquinhos, três atores que apresentavam um espetáculo inspirado na história infantil —adaptando-a para transmitir uma mensagem de “direito à cidade e moradia”, segundo o ator Caio Franzolin, 31—, interromperam a peça para demonstrar apoio ao protesto. “Esse é um espaço de encontros. Precisamos protegê-lo”, disse o ator.
Nos cartazes, lia-se mensagens como “O Minhocão é nossa praia de asfalto, viva”, “Não façam o papelão de fechar o Minhocão”, “Minhocão: