Neou uma reforma do ensino no Reino Unido. Ao todo, cerca de mil representantes participaram do evento.
em outro de treinamento para o uso de caiaques, o que poderia reduzir o isolamento do povoado.
A entrega da homenagem ocorreu após o Fórum Global de Educação e Competências (Global Education and Skills Forum), que se propõe a ser uma espécie de Davos da área, com a participação de especialistas e autoridades — a exemplo de Arne Duncan, ex-secretário de Educação de Barack Obama, e Michael Gove, que capita- O BRASIL NO ‘OSCAR’ Com mais de 20 mil inscritos em sua terceira edição, o prêmio recebido por Maggie também levou pela primeira vez um brasileiro para a final.
Filho de pais semianalfabetos, ex-vendedor de picolé e com apenas 26 anos, Wemerson Nogueira dava aula até o ano passado na rede pública das cidades de Boa Esperança e Nova Venécia, ambas no Espírito Santo.
Ele chegou ao grupo de dez finalistas com projetos ligados à tragédia que assolou o rio Doce em 2015, após o rompimento de uma barragem em Mariana (MG).
Maior desastre ambiental já causado por rejeitos de minério, o acidente provocou uma onda de lama que invadiu o rio Doce e chegou a cidades capixabas.
Para ajudar comunidades ribeirinhas, Wemerson propôs aos alunos que desenvolvessem um filtro para purificar a água. Sob sua orientação, eles criaram um equipamento à base de pedras e areia que tornou a água apta ao consumo doméstico. Por meio de parcerias, mais de 200 aparelhos foram desenvolvidos.
“É um exemplo incrível para todos os países, especialmente os que têm poucos recursos”, disse o professor espanhol David Calle, também finalista do prêmio e um dos mais entusiasmados com a palestra do brasileiro.
A tragédia de Mariana também serviu de ponto de partida para uma aula de química: por meio de análises dos elementos encontrados na água do Rio Doce após o acidente, o professor ajudou a ensinar os elementos da tabela periódica.
Nos colégios em que atuou, trabalhou também com projetos de conscientização sobre o uso de drogas, com a elaboração, pelos alunos, de cartazes distribuídos pela cidade.
Neste ano, Wemerson mudou-se para Vitória, onde dá aulas em cursos de formação de professores.
Uma das razões para a escolha foi o salário: por 12 horas de aula, mais dois dias voltados a pesquisas, ganha mais do que recebia para lecionar no ensino básico — eram R$ 1.500 para uma jornada de 25 horas, que ele por vezes dobrava para conseguir pagar as contas.
A valorização do professor, não por acaso, é uma de suas bandeiras para a melhoria da educação no Brasil. “Somos nós que formamos todos os outros profissionais”, diz ele na rica Dubai, em evento que teve show do tenor Andrea Bocelli, macarrão feito em máquina de impressão 3D, imitação do Carnaval de Veneza e outras atrações. Foi sua primeira viagem internacional.
Mesmo sem o prêmio, Wemerson deixa Dubai com convites para palestras em Portugal, Espanha, Estados Unidos, Austrália e muitos planos.
“Quero aprender inglês e atuar na rede municipal e estadual com o desenvolvimento de metodologias inovadoras’, diz. “Está sendo um orgulho representar o Brasil e mostrar que, mesmo com nossos problemas de estrutura, podemos ter excelência. O país precisa investir em educação”, diz Wemerson.
ANGELA PINHO