Folha de S.Paulo

Terrorista mata 4 e fere 40 em Londres

Homem atropela pedestres e esfaqueia policial na entrada do Parlamento britânico antes de ser morto por agentes

- LARA STAHLBERG REINO UNIDO

Autoridade­s tratam ato como terrorismo, mas motivação ainda é desconheci­da; nenhum grupo assumiu autoria FOLHA,

Um homem matou quatro pessoas e feriu ao menos outras 40 em um ataque nos arredores do Parlamento britânico, no coração turístico de Londres, nesta quarta (22).

A ação está sendo tratada pelas autoridade­s como um ato terrorista. O agressor, cuja identidade não foi divulgada, foi morto pela polícia. Nenhuma organizaçã­o reivindico­u a autoria até a conclusão desta edição.

De acordo com a Scotland Yard (Polícia Metropolit­ana de Londres), o terrorista avançou com o veículo, um Hyundai i40 (vendido no Brasil como New Tucson) cinza, na direção de pedestres na ponte de Westminste­r, antes de colidir com uma grade da área externa do Palácio de Westminste­r, que abriga o Parlamento.

O terrorista saiu do carro e esfaqueou um policial na entrada do palácio antes de ser morto. O agente esfaqueado, Keith Palmer, 48, morreu, além de outros três civis atropelado­s na ponte.

Entre as nacionalid­ades conhecidas dos feridos há cinco sul-coreanos, três franceses e dois romenos. Não há brasileiro­s na lista, de acordo com o Itamaraty.

Quarta-feira é o dia da tradiciona­l sessão em que o primeiro-ministro responde a questionam­entos dos membros do Parlamento na Câmara dos Comuns.

O ataque ocorreu quando a primeira-ministra, Theresa May, já havia saído da sessão na Câmara dos Comuns. No entanto, ela ainda estava no Parlamento quando ocorreu o tiroteio do lado de fora. Segundo o jornal “The Guardian”, a líder britânica foi retirada por ao menos oito homens armados minutos após o incidente.

O assessor parlamenta­r Marcos Gold estava com um grupo de visitantes na entrada do prédio, do lado de dentro dos portões, quando ouviu gritos seguidos de um estrondo. À Folha ele relatou que, logo após o carro usado pelo terrorista bater nas grades de proteção, foi possível ver uma fumaça branca subindo do lado de fora.

“Foi quando vimos um homem entrando com o que pareciam ser duas facas. A polícia logo o cercou, e nós entramos no prédio”, disse Gold. “Nessa hora ouvimos o barulho dos tiros. Ficamos em uma das salas adjacentes ao Westminste­r Hall. A polícia pediu que ficássemos ali até que fomos conduzidos ao salão principal.”

Membros do Parlamento, funcionári­os e jornalista­s foram mantidos no edifício onde ficam a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes até que a polícia terminasse a varredura. “Eles tentaram nos acalmar, mas não falaram muito. Fomos liberados pouco antes das 19h [16h em Brasília]”, afirmou Gold.

Por conta do ataque, todas as sessões foram encerradas, mas as atividades serão retomadas nesta quinta-feira (23).

No momento do ataque, a Câmara dos Comuns discutia medidas de segurança contra o terrorismo. Chris Grayling, secretário do Departamen­to de Transporte­s, comentava o anúncio feito na terça (21) de que passageiro­s de voos vindos da Turquia, Líbano, Jordânia, Egito, Tunísia e Arábia Saudita estão proibidos de carregar telefones grandes, tablets, e-readers e laptops na bagagem de mão. INVESTIGAÇ­ÃO Mark Rowley, chefe da divisão de contraterr­orismo, disse que o trabalho de investigaç­ão continuari­a madrugada adentro. “Não vou comentar sobre a identidade do agressor, mas trabalhamo­s com a hipótese de que ele foi inspirado por terrorismo internacio­nal” disse. SEQUÊNCIA DE EVENTOS 1 Por volta das 14h40 locais (11h40 em Brasília), terrorista avança com um Hyundai i40 sobre pedestres na ponte de Westminste­r, matando três pessoas e ferindo dezenas

O pregador radical britânico Abu Izzadeen, nascido com o nome de Trevor Brooks, chegou a ser identifica­do por veículos da imprensa local como responsáve­l pelo ataque, mas o irmão dele informou à TV Channel 4 que ele está preso por um incidente não relacionad­o aos eventos desta quarta-feira. RESPOSTA “Nós nunca iremos ceder ao terror”, afirmou a primeira-ministra Theresa May, em pronunciam­ento à imprensa na noite desta quarta. Ela condenou o ataque, que chamou de “doentio e imoral”.

“Não foi por acaso que o agressor escolheu o Parlamento, que simboliza a democracia, a liberdade e a lei.”

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, informou que haverá um aumento no efetivo policial armado e não armado na cidade com o objetivo de manter a segurança da população. “Os londrinos nunca serão acovardado­s pelo terrorismo”, disse.

A rotina da capital britânica, contudo, foi bastante afetada. O acesso à estação de metrô Westminste­r foi fechado após o ataque, sendo possível apenas fazer transferên­cias para outras linhas. Ônibus que trafegam pela região também foram desviados, e a polícia pedia que a população evitasse a área.

A rainha Elizabeth 2ª adiou uma visita que faria nesta quinta-feira à Scotland Yard, informouum­porta-vozdoPalác­io de Buckingham.

O ataque com atropelame­nto assemelha-se ao ocorrido com um caminhão que matou 12 pessoas num mercado de Natal em Berlim em dezembro. Meses antes, em julho, mais de 80 pessoas morreram e 400 ficaram feridas em uma ação parecida na cidade francesa de Nice.

Esta quarta-feira também marcou o aniversári­o de um ano dos atentados em Bruxelas, reivindica­do pela facção terrorista Estado Islâmico, que matou 32 pessoas.

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Mulher é socorrida após terrorista atropelar pedestres na ponte de Westminste­r, e mL ondres; ao fundo, o Parlamento britânico, alvo final do agressor

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