Trump oferece apoio a Londres em investigação; Temer envia carta
O ataque desta quarta (22) em Londres, que causou cinco mortes (incluindo o agressor) e 40 feridos, deixou um grupo de quatro brasileiros presos por cerca de três horas na roda-gigante London Eye, um dos principais pontos turísticos da cidade e a apenas 370 metros, em linha reta, do Parlamento.
Os cariocas Rogerio Henrique Silveira, 33, Bruno Larrubia, 31, Sabrina Menezes, 30, e Roberta Oliveira, 34, estão em uma viagem de férias pela Europa e chegaram à capital do Reino Unido na terçafeira (21). O grupo havia passado pela ponte de Westminster, local do ataque, aproximadamente 20 minutos antes do incidente.
“Cerca de 10 minutos após entrarmos na roda-gigante, enquanto tirava fotos, percebi uma movimentação estranha na ponte”, disse Bruno Larrubia à Folha. Logo após, o compartimento de vidro em que estavam parou no ponto mais alto do trajeto.
“Ficamos muito tensos na hora”, afirmou Sabrina Menezes, mulher de Larrubia. Rogerio Silveira, casado com Roberta Oliveira, contou que no início ninguém entendeu o que acontecia. “Vimos um corre-corre na ponte, muitos policiais, começaram a chegar helicópteros”, disse.
Logo, disseram os brasileiros, o sistema de som da cabine avisou que tinha havido um incidente na ponte e, por segurança, a roda-gigante seria paralisada provisoriamente. Imaginaram que poderia ser um ataque terrorista.
“Algumas pessoas ficaram apreensivas na nossa cabine. Vi gente passando mal em outras. Nós nos afastamos das janelas, pois ficamos com medo de que houvesse atiradores”, conta Silveira.
De acordo com o grupo, com a chegada das forças de segurança, eles começaram a ficar mais aliviados, já que a situação parecia estar sob controle. “Conseguimos ver toda a ação de lá em cima”, afirmou Larrubia.
Após as três horas passadas dentro da cabine da London Eye, os brasileiros contam que foram entrevistados pela polícia, receberam desculpas pelo inconveniente, instruções de como sair de lá e um lanche.
“Os policiais foram muito solícitos e educados na abordagem. Como brasileiros, me surpreendi”, disse Larrubia.
Após deixarem a roda-gigante, o grupo tentou voltar para o hotel onde estão hospedados. Eles tiveram receio de utilizar o transporte público, por acharem que pudesse ocorrer outro ataque. “Pegamos um táxi”, disse Sabrina. Ela contou que a cidade estava muito diferente do que tinha visto no dia anterior. “As ruas estavam vazias, era possível ver como as pessoas estavam chocadas.”
Bruno Larrubia resumiu o estado de ânimo do grupo brasileiro.
“Estamos aliviados agora, mas só o fato de termos passado pelo local do ataque minutos antes de acontecer tudo aquilo, você fica pensando que podia estar lá na hora... passa um filme na sua cabeça.”
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente dos EUA, Donald Trump, ofereceu à primeira-ministra britânica, Theresa May, “total cooperação e apoio” na resposta ao atentado nos arredores do Parlamento, em Londres, nesta quarta-feira (22).
Ele disse que seu governo pode ajudar no que for preciso na investigação do episódio. O secretário de Estado, Rex Tillerson, condenou o que chamou de “horríveis atos de violência”. “Se eles são executados por indivíduos problemáticos ou por terroristas, não faz diferença para as vítimas. O povo americano envia seus pensamentos e orações.”
Dentro dos EUA, o Departamento de Segurança Doméstica disse que não mudará as medidas de segurança após o ataque. Em Nova York, policiais protegiam o consulado do Reino Unido e o prédio do Conselho Britânico.
A solidariedade do governo, no entanto, não foi seguida por Donald Trump Jr. O primogênito do presidente ironizou declarações do prefeito londrino, Sadiq Khan, feitas em setembro ao jornal britânico “The Independent”.
Na ocasião, Khan disse que FRANÇOIS HOLLANDE presidente da França ataques terroristas “fazem parte de morar em uma grande cidade. “Você só pode estar brincando”, criticou Trump Jr. numa rede social.
O presidente Michel Temer enviou carta à primeira-ministra britânica, Theresa May. “Em nome do povo e do governo brasileiros, e em meu próprio, estendo a Vossa Excelência, e a todos os londrinos e britânicos, nossa mais sentida solidariedade. Nossos pensamentos voltam-se, muito especialmente, para as vítimas e seus familiares.” EUROPA Líderes europeus também prestaram condolências ao Reino Unido. “Confirmo que estamos firmes e determinados ao lado dos britânicos na luta contra qualquer tipo de terrorismo”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel.
O presidente francês, François Hollande, disse que todos os países europeus se preocupam com o terror. “A França, que foi atacada de forma tão dura recentemente, sabe o que o povo britânico está sofrendo hoje.”
Em 19 meses, os franceses passaram por três grandes atentados, com 233 mortos: ao jornal “Charlie Hebdo”, em janeiro de 2015; os ataques múltiplos de Paris, em novembro de 2015; e o de Nice, em julho de 2016.
O governo francês disponibilizou um avião para levar a Londres as famílias de três adolescentes do país que se feriram no atentado.
A porta-voz da Chancelaria russa, Maria Zakharova, enfatizou a necessidade de cooperação contra o terror. “Não dividimos o terrorismo em categorias. Nós o consideramos um mal absoluto.”
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A França, que foi atacada de forma tão dura recentemente, sabe que o povo britânico está sofrendo hoje