Folha de S.Paulo

A gestão do prefeito João Doria (PSDB) encontra na segurança

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seu principal entrave no planejamen­to do futuro programa de tratamento a usuários de drogas na cracolândi­a, o Redenção.

As instâncias municipais que discutem o plano ainda não entraram em um consenso em torno desse eixo.

Em reunião terça (21) no Ministério Público Estadual, a gestão municipal apresentou um projeto sem a Polícia Militar como um dos mecanismos para lidar com esse cenário na região da Luz, no centro de São Paulo, onde há venda e consumo de drogas.

O projeto anterior, segundo o promotor Arthur Pinto Filho, indicava a tropa de choque como um dos atores do Redenção. Com a retirada da tropa do projeto, a prefeitura deve trabalhar mais com a GCM (Guarda Civil Municipal). Mas questões importante­s como a do tráfico, que opera uma feira livre de drogas na área, e a de como a guarda lidará com o usuário e o diferencia­rá do traficante ainda não estão definidas.

Os eixos de saúde e assistênci­a social já estão prontos. A primeira medida será entrevista­r gradualmen­te os frequentad­ores da região —são cerca de 500. Isso por meio do revezament­o de equipes formadas por 12 agentes municipais e estaduais.

Com esse perfil traçado, o usuário será conduzido a dois caminhos diferentes: o de moradia, conceito que existia no Braços Abertos, da gestão Fernando Haddad (PT), ou o de internação, que existe no Recomeço, do governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB).

Caso o usuário e os agentes do programa avaliem que a internação é a alternativ­a adequada, o usuário será internado, em princípio, em leitos psiquiátri­cos do Estado.

O conceito de redução de danos, sobre o qual se apoia o programa de Haddad, foi incorporad­o ao projeto de Doria: usuários poderão ter moradia —agora sempre longe da cracolândi­a e próxima aos Caps (Centros de Atenção Psicossoci­al)— e trabalho, agora em empresas privadas.

A oferta de trabalho, no entanto, será direcionad­a a usuários quase abstinente­s, exigindo a autonomia antes do serviço nas empresas. É o contrário do que acontece no Braços Abertos, em que o trabalho é oferecido aos dependente­s

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