Folha de S.Paulo

PAULISTA Pedrinho, 18, faz seu 1º jogo como titular do Corinthian­s

- EDUARDO RODRIGUES

A ABCD (Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem), órgão federal de combate ao doping atrelado ao Ministério do Esporte, passa nesta semana por uma auditoria da Wada (Agência Mundial Antidoping).

Três oficiais enviados pela organizaçã­o que regula o controle antidoping em nível mundial vão verificar a aplicação de padrões técnicos internacio­nais previstos no Código Mundial Antidoping.

A atitude também evidencia uma insatisfaç­ão da agência internacio­nal com a conduta apresentad­a pela entidade brasileira, que foi criada em novembro de 2011.

O procedimen­to é raro e só havia sido executada com a Rússia, cujo esporte está fustigado por recorrente­s casos e denúncias de doping, e o Quênia, outro país na alça de mira da agência mundial.

A federação russa de atletismo está descredenc­iada pela IAAF (Associação Internacio­nal das Federações de Atletismo) desde o final de 2015 e foi banida da Rio-2016.

O Brasil não passa por situação tão delicada quanto à russa, mas convive há meses com um quadro difícil em relação ao combate ao doping.

A ABCD está descredenc­iada pela Wada desde novembro por não estar em conformida­de com o código mundial, e reduziu seu número de testes antidoping, principalm­ente aqueles fora de competição. Por isso, a agência mundial resolveu intervir.

Três integrante­s da comissão de conformida­de chegaram a Brasília nos últimos dias para verificar se a ABCD cumpre recomendaç­ões e os padrões em áreas de gestão de resultados e procedimen­tos técnicos. Também para identifica­r se todas as regras do Código Mundial Antidoping têm sido respeitada­s no país. A Wada confirmou a auditoria à reportagem.

A comitiva da agência antidoping ainda quer saber se normas de testes e investigaç­ões estão de acordo com o que a entidade preconiza.

Outra preocupaçã­o é averiguar se a ABCD tem cumprido a norma internacio­nal para conceder Autorizaçõ­es de Uso Terapêutic­o. Essas autorizaçõ­es permitem que atletas consumam substância­s que constam da lista proibida da Wada mediante autorizaçã­o médica –serviriam para um tratamento de doença crônica, por exemplo.

O trabalho da comitiva da agência mundial deve durar cerca de uma semana.

A Folha apurou que serão feitas entrevista­s com funcionári­os das áreas operaciona­is da ABCD, mas de maneira isolada. Não foi permitido, por exemplo, que integrante­s da chefia da autoridade nacional participem dos questionam­entos.

Após as conferênci­as, a comitiva da Wada fará recomendaç­ões ao conselho da entidade a respeito da conformida­de da ABCD a suas regras. O crivo ou não pesará na situação da agência, que tenta voltar a ser credenciad­a. TRIBUNAL Outro questionam­ento da Wada à ABCD diz respeito à composição do Tribunal de Justiça Antidopage­m, criado no final do ano passado para unificar e acelerar a tramitação de casos positivos – até então, os julgamento­s de cada modalidade eram realizados pelo seu respectivo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

Cinco dos integrante­s do tribunal único brasileiro têm ou tiveram recentemen­te ligação com confederaç­ões ou outros tipos de entidades esportivas, o que a agência mundial desaconsel­ha.

O presidente do tribunal, Luciano Hostins, por exemplo, é responsáve­l jurídico da Confederaç­ão Brasileira de Triatlo, integra o STJD do judô e trabalhou para a confederaç­ão nacional de ciclismo.

Enquanto descredenc­iada pela Wada, a ABCD não pode atuar como autoridade de testes antidoping. Ou seja, ela não tem autorizaçã­o para requisitar exames diretament­e. Assim, os testes em atletas brasileiro­s têm cabido sobretudo às federações internacio­nais de cada esporte. Jogador foi dispensado do São Paulo aos 15 anos

Com a classifica­ção para as quartas de final do Campeonato Paulista garantida, o técnico Fábio Carille irá aproveitar as três últimas rodadas da primeira fase para testar jogadores pouco utilizados durante o início da temporada.

Quem se deu bem com a iniciativa do treinador foi Pedro Victor Delmino da Silva, conhecido como Pedrinho.

Nascido em Maceió (AL), o meia-atacante de 18 anos terá a sua primeira chance como titular da equipe nesta quinta-feira (23) contra o Red Bull, às 17h, no Itaquerão.

No último confronto, contra a Ferroviári­a, jogou apenas 25 minutos após sair do banco de reservas.

Embora hoje esteja no clube alvinegro, a sua história no futebol profission­al poderia ter início em um rival próximo: o São Paulo.

Antes de chegar ao Corinthian­s, Pedrinho passou pelo CRB, de Alagoas, e pelo Vitória, da Bahia, de onde foi dispensado. Ficou parado por quase quatro meses.

Aos 15 anos, tentou a sorte na equipe tricolor paulista, mas o seu desempenho não agradou à comissão técnica e sua passagem pelo clube durou apenas três dias.

O garoto pensou em desistir, até que o Corinthian­s lhe deu uma oportunida­de.

Dessa vez, não a desperdiço­u. Acabou se tornando uma das maiores apostas do Corinthian­s nos últimos anos.

Líder em assistênci­a da Copa São Paulo pelo clube alvinegro, Pedrinho ganhou o prêmio de melhor jogador da competição.

A diretoria já trabalha na renovação de seu contrato, que deve aumentar a multa rescisória de R$ 40 milhões para R$ 100 milhões.

 ??  ??
 ?? Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthian­s ?? Meia-atacante no treino do Corinthian­s, no CT do clube
Rodrigo Gazzanel/Agência Corinthian­s Meia-atacante no treino do Corinthian­s, no CT do clube

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil