Folha de S.Paulo

Agentes britânicos monitoram até 4.000 suspeitos

Especialis­tas dizem, porém, que é impossível rastrear todos; vigilância física exigiria 25 agentes por semana

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Reforçar policiamen­to em espaços públicos é melhor estratégia para tranquiliz­ar população britânica, afirmam

Khalid Masood, identifica­do como o autor do atentado em Londres, era uma figura familiar à polícia britânica e já havia sido investigad­o pelo serviço secreto.

A informação pode, à primeira vista, sugerir o descaso das autoridade­s, que teriam sido incapazes de impedi-lo de realizar o ataque.

Mas o governo britânico já monitora milhares de pessoas, em um esforço de inteligênc­ia que requer equipes extensas e capacitada­s.

À Folha Chris Phillips, exchefe de um escritório da polícia para combate ao terrorismo, estima haver entre 3.000 e 4.000 pessoas sob investigaç­ão dos agentes, a partir de indicadore­s de risco, incluindo laudos psicológic­os.

“Qualquerum­adessaspes­soas poderia fazer alguma coisa e seria impossível monitorar todas elas”, diz.

Entre os milhares monitorado­s, em sua maioria islamitas,apenas500s­ãoativamen­te investigad­os e dezenas deles são vigiados fisicament­e.

Portanto, é preciso fazer escolhas com recursos limitados. O monitorame­nto ininterrup­to de alguém durante toda a semana exigiria 25 agentes,dizPhillip­s.“Alguém tem que tomar a decisão.”

Diante das informaçõe­s disponívei­s na quinta (23), quando conversou com a reportagem, o especialis­ta avalia que a polícia agiu com rapidez. O público, diz ele, “precisa entender que, em uma sociedade aberta, não existe segurança total”.

A ministra do Interior, Amber Rudd, afirmou que as forças de segurança “fazem um trabalho fantástico”. Ela disse que o fato de as autorida- des conhecerem Masood não significa que ele pudesse estar 24h sob vigilância.

“Vamos descobrir mais sobre esse homem e sobre as pessoas ao seu redor. Não tenho dúvidas de que os serviços de inteligênc­ia estão fazendo um ótimo trabalho”, Rudd afirmou à rede BBC. TRANQUILIZ­AR O que pode ser feito nesses casos, diz a especialis­ta em segurança Helen Fenwick, é expandir a abrangênci­a do radar, incluindo mais pessoas. Pode haver um monitorame­nto mais intenso de quem já é suspeito, também.

No meio-tempo, a estratégia é tranquiliz­ar o público com reforço no policiamen­to, inclusive com armas.

“A polícia será bastante cautelosa no entorno do Parlamento e de locais com aglomeraçõ­es, como shoppings ou estações. As medidas devem durar bastante tempo.”

A reação da premiê britânica, Theresa May, parece por sua vez indicar que sua mensagem é a de que o país continuará em normalidad­e, diz a especialis­ta. “Ela está dizendo à população que nós não vamos nos assustar.”

A circulação na área onde houve o ataque foi liberada no dia seguinte. (DIOGO BERCITO) MORTOS Keith Palmer, 48 Policial, foi morto a facadas pelo terrorista ao tentar impedir que ele invadisse o Parlamento Aysha Frade, 43 Professora de espanhol, estava indo buscar os filhos na escola quando foi atropelada Homem de 75 anos Não teve identidade divulgada

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Daniel Leal-Olivas/AFP Após ataque, policiais armados reforçam segurança na região do Parlamento, em Londres

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