Membros da OEA amenizam risco de suspender Caracas
Para Brasil e outros 13 países, saída da Venezuela é ação de ‘último recurso’
Anúncio inviabiliza a intenção do chefe da organização de afastar o país, que tinha apoio da oposição a Maduro
O Brasil e outros 13 países da OEA anunciaram nesta quinta-feira (23) que consideram “medida de último recurso” a suspensão da Venezuela e defenderam a continuidade do diálogo para tentar solucionar a crise política.
O comunicado é uma resposta ao secretário-geral da organização, o uruguaio Luis Almagro, que ameaçou convocar a votação da suspensão por considerar que Nicolás Maduro violou a Carta Democrática Interamericana.
Também assinam o documento Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, EUA, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Peru e Uruguai. Os países se disseram “profundamente preocupados” com a situação do país.
Eles consideram que devem ser abordados com urgência a libertação dos opositores presos e a convocação de eleições regionais, que estavam marcadas para dezembro, mas foram adiadas por tempo indeterminado.
Também pediram o reconhecimento da legitimidade das decisões da Assembleia Nacional. Dominado pela oposição, o Legislativo foi declarado em desacato em agosto pelo Tribunal Supremo de Justiça, cuja maioria é de aliados do chavismo.
Os pontos são também exigências de Almagro, mas eles discordam do uruguaio em relação à suspensão. “É medida de último recurso, considerada após se esgotarem os esforços diplomáticos dentro de um prazo razoável.”
Com o anúncio dos 14 governos, dos quais 11 são contra Maduro, é inviabilizada a intenção de Almagro de suspender a Venezuela. Para isso, ele precisaria do apoio de 23 dos 34 membros da OEA.
O comunicado também deve irritar a oposição venezu- elana, que apoia a sanção.
Nos últimos meses, vários rivais de Maduro foram à OEA, ao Mercosul e a países que assinaram o comunicado, incluindo o Brasil, para tentar conseguir o apoio das autoridades e pedir que estas pressionem o chavista. DIÁLOGO Os países pedem o cumprimento do diálogo mediado pela Santa Sé e pelo ex-premiê espanhol José Luis Rodrí- COMUNICADO DE 14 PAÍSES DA OEA guez Zapatero e os ex-presidentes panamenho Martín Torrijos e dominicano Leonel Fernández.
Além dos três pontos mencionados acima, o acordo inclui que o governo atenda às vítimas da crise humanitária. As negociações, porém, estão paralisadas desde dezembro.
Maduro se irritou com as exigências que teria que cumprir e chamou o secretário de Estado da Santa Sé, Pietro Parolin, de “sabotador e cúmplice na tentativa de implodir o diálogo”. A coalizão Mesa de Unidade Democrática deixou o diálogo dias depois.
Os opositores dizem que só voltariam às negociações se o governo cumprisse o acordo. A tentativa de conciliação sofreu um novo golpe em fevereiro, quando o Conselho Nacional Eleitoral adiou as eleições pela segunda vez.
Dominado pelo chavismo, o órgão disse que era necessário um recadastramento dos partidos. O único isentado do processo é justamente o Partido Socialista Unido da Venezuela, de Maduro.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nesta quinta (23) que considerava “inaceitável” o acampamento armado por cerca de 60 militares venezuelanos em Arauquita, em solo colombiano. Os invasores deixaram o país após Santos cobrar o líder venezuelano, Nicolás Maduro.
A cidade fica às margens do rio Arauca, que delimita a fronteira entre o país e a Venezuela naquela área.
Santos afirmou que havia telefonado para Maduro, pedindo a retirada dos soldados da cidade.
Por volta das 14h30 (17h30 em Brasília), os soldados que estavam na área baixaram a bandeira da Venezuela e começaram a desmontar o acampamento. No fim da tarde, Santos confirmou que o último militar havia deixado Arauquita.
Não está claro por que eles foram à cidade. Segundo relatos de moradores da região à imprensa local, o grupo chegou na última segunda-feira (20), expulsou o dono de uma fazenda e armou na localidade um acampamento.
Os moradores contaram que os soldados diziam que aquele era “território venezuelano”, que estavam “cumprindo ordens” e que por isso não iriam embora.
Nos dias seguintes, chegaram cerca de 50 civis venezuelanos que diziam estar “apoiando as tropas” de seu país.
O fazendeiro Édgar Camacho, dono do local do acampamento, declarou à Blu Rádio: “Eles chegaram e nos mandaram sair de casa para armar as barracas”. Antes de contatar Maduro, Santos já havia enviado uma comitiva à região.
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Consideramos que a suspensão de um país membro, conforme diz a Carta Democrática Interamericana, é medida de último recurso, considerada após se esgotarem os esforços diplomáticos