Doria quer vender empresa oficial de eventos com Anhembi no pacote
Gestão inclui SPTuris, com 450 funcionários e receita anual de R$ 250 mi, em plano de privatização
Quem vencer leilão terá que herdar estrutura e passivo de companhia e poderá mudar perfil de negócios do Anhembi
A gestão João Doria (PSDB) planeja a venda da SPTuris (empresa municipal de turismo e eventos) em um pacote conjunto com as instalações do complexo do Anhembi, na zona norte de São Paulo.
Como parte do programa de privatizações do tucano, a ideia é que a empresa que arrematar a São Paulo Turismo —que tem cerca de 450 funcionários e receita anual de R$ 250 milhões— possa explorar as atividades e optar inclusive pela mudança de perfil do Anhembi, voltado hoje para feiras de negócios, desfiles de Carnaval e shows.
O modelo de venda, em formatação na prefeitura, pode, por exemplo, tratar da manutenção do sambódromo.
A SPTuris é uma companhia de capital aberto, mas 97% das ações estão nas mãos da própria prefeitura, que também é dona de 100% do complexo do Anhembi.
A empresa tem todas as ações submetidas a auditorias e a fiscalização da Comissão de Valores Mobiliários. A intenção é vendê-la por meio de um leilão com preço mínimo, ainda não definido.
Na visão da administração, essa seria a forma mais rápida para a privatização do Anhembi, promessa de campanha do prefeito. O principal impasse para agilizar a venda desse e de outros equipamentos públicos será a Câmara Municipal. Os vereadores terão que aprovar uma a uma as medidas, que incluem também PPPs (parcerias público privadas) e concessões por determinados períodos (leia texto nesta pág.).
A gestão chegou a preparar uma lista com mais de 50 itens “privatizáveis” da cidade. Dentre os exemplos, estão as concessões do Bilhete Único, de parques e do serviço funerário e a venda do autódromo de Interlagos. HERANÇA O plano da gestão Doria é que a empresa compradora da SPTuris e do Anhembi herde toda a estrutura —de funcionários a equipamentos, por exemplo. Do quadro atual de funcionários da empresa, em torno de 90% são de carreira.
A tendência, no entanto, é que parte das atribuições atuais da SPTuris seja remanejada para outros setores da administração. Hoje ela é responsável pelo fomento ao turismo na cidade, participando de eventos que vão da Parada LGBT ao Carnaval.
O maior patrimônio dentro da SPTuris são as instalações do Anhembi, que têm aproximadamente 400 mil m², divididos em três áreas (pavilhão de exposições, Palácio das Convenções e Sambódromo).
O espaço recebe 3,5 milhões de pessoas em cerca de 150 eventos anuais. No ano passado, gerou lucro aproximado de R$ 18 milhões.
Todo o dinheiro arrecadado com vendas e concessões será depositado diretamente em um fundo municipal de investimento, ainda a ser criado e voltado exclusivamente para novas obras. A ideia é impedir que esse dinheiro seja usado para custeio da máquina (pagamentos de salários, aquisição de bens de consumo e manutenção de equipamentos públicos).
Doria quer usar esses recursos para viabilizar projetos nas cinco áreas que considera mais estratégicas: saúde, educação, mobilidade urbana, moradia e segurança. Creches, hospitais e habitações populares fazem parte desse projeto.
Ainda não há prazo para isso. Primeiramente a prefeitura encaminhará aos vereadores o plano municipal de desestatização, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Após a aprovação, será definida a modelagem para cada equipamento público.