Folha de S.Paulo

Doria quer vender empresa oficial de eventos com Anhembi no pacote

Gestão inclui SPTuris, com 450 funcionári­os e receita anual de R$ 250 mi, em plano de privatizaç­ão

- EDUARDO SCOLESE GIBA BERGAMIM JR.

Quem vencer leilão terá que herdar estrutura e passivo de companhia e poderá mudar perfil de negócios do Anhembi

A gestão João Doria (PSDB) planeja a venda da SPTuris (empresa municipal de turismo e eventos) em um pacote conjunto com as instalaçõe­s do complexo do Anhembi, na zona norte de São Paulo.

Como parte do programa de privatizaç­ões do tucano, a ideia é que a empresa que arrematar a São Paulo Turismo —que tem cerca de 450 funcionári­os e receita anual de R$ 250 milhões— possa explorar as atividades e optar inclusive pela mudança de perfil do Anhembi, voltado hoje para feiras de negócios, desfiles de Carnaval e shows.

O modelo de venda, em formatação na prefeitura, pode, por exemplo, tratar da manutenção do sambódromo.

A SPTuris é uma companhia de capital aberto, mas 97% das ações estão nas mãos da própria prefeitura, que também é dona de 100% do complexo do Anhembi.

A empresa tem todas as ações submetidas a auditorias e a fiscalizaç­ão da Comissão de Valores Mobiliário­s. A intenção é vendê-la por meio de um leilão com preço mínimo, ainda não definido.

Na visão da administra­ção, essa seria a forma mais rápida para a privatizaç­ão do Anhembi, promessa de campanha do prefeito. O principal impasse para agilizar a venda desse e de outros equipament­os públicos será a Câmara Municipal. Os vereadores terão que aprovar uma a uma as medidas, que incluem também PPPs (parcerias público privadas) e concessões por determinad­os períodos (leia texto nesta pág.).

A gestão chegou a preparar uma lista com mais de 50 itens “privatizáv­eis” da cidade. Dentre os exemplos, estão as concessões do Bilhete Único, de parques e do serviço funerário e a venda do autódromo de Interlagos. HERANÇA O plano da gestão Doria é que a empresa compradora da SPTuris e do Anhembi herde toda a estrutura —de funcionári­os a equipament­os, por exemplo. Do quadro atual de funcionári­os da empresa, em torno de 90% são de carreira.

A tendência, no entanto, é que parte das atribuiçõe­s atuais da SPTuris seja remanejada para outros setores da administra­ção. Hoje ela é responsáve­l pelo fomento ao turismo na cidade, participan­do de eventos que vão da Parada LGBT ao Carnaval.

O maior patrimônio dentro da SPTuris são as instalaçõe­s do Anhembi, que têm aproximada­mente 400 mil m², divididos em três áreas (pavilhão de exposições, Palácio das Convenções e Sambódromo).

O espaço recebe 3,5 milhões de pessoas em cerca de 150 eventos anuais. No ano passado, gerou lucro aproximado de R$ 18 milhões.

Todo o dinheiro arrecadado com vendas e concessões será depositado diretament­e em um fundo municipal de investimen­to, ainda a ser criado e voltado exclusivam­ente para novas obras. A ideia é impedir que esse dinheiro seja usado para custeio da máquina (pagamentos de salários, aquisição de bens de consumo e manutenção de equipament­os públicos).

Doria quer usar esses recursos para viabilizar projetos nas cinco áreas que considera mais estratégic­as: saúde, educação, mobilidade urbana, moradia e segurança. Creches, hospitais e habitações populares fazem parte desse projeto.

Ainda não há prazo para isso. Primeirame­nte a prefeitura encaminhar­á aos vereadores o plano municipal de desestatiz­ação, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Após a aprovação, será definida a modelagem para cada equipament­o público.

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Sambódromo do Anhembi, na zona norte de São Paulo

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