Folha de S.Paulo

Torcedor da Portuguesa sofre contra o Juventus, e time perde ‘clássico da ilusão’

- ALEX SABINO

Por 15 minutos, Antonio Dionisio, o Caverna, 77, bateu no peito sem parar, gritando para a torcida rival: “Nós vamos ganhar. A Portuguesa é o time de virada!”

Não é de hoje que o clube espera essa tal virada. Desde o final de 2013, quando foi rebaixado da Série A do Brasileiro pela escalação irregular do meia Héverton.

São quatro anos de uma derrota atrás da outra. A última foi nesta quinta (23), para o Juventus, na rua Javari: 3 a 1. Com 13 pontos, o time só não está na zona de rebaixamen­to para a 3ª divisão por causa do saldo de gols.

Juventus e Portuguesa fizeram um clássico da ilusão. Os times sonham em voltar a tempos melhores e maquiam o passado para torná-lo mais vitorioso do que a realidade.

Atrás de um dos gols fica o Setor 2, ala hipster da torcida juventina. Cantam músicas de barras bravas argentinos com letras adaptadas para o bairro da Mooca. Até o jeito de incentivar é parecido, mexendo o braço como se estivessem espantando moscas com as costas das mãos.

Em um dos gritos falam do título de “campeão de 83 do Brasileiro”. Ano em que o clube ganhou a Taça de Prata, a 2ª divisão. Mais ou menos o mesmo orgulho da Portuguesa, que mandou fazer faixas de “campeão brasileiro de 2011”, omitindo que era da Série B. Foi a equipe apelidada de Barcelusa, pela comparação com o Barcelona (ESP).

O que sobra para a Lusa é o orgulho. “Sou torcedor por causa do meu pai, que já morreu. Estou passando isso para o meu filho. É o que resta”, afirma Alexandre Pereira, 27.

Desde 2013 são quatro rebaixamen­tos. Média de um por ano. No Campeonato Brasileiro, o time está na Série D.

Enquanto o placar era 1 a 1, havia esperança. “Daqui não cai. Acho até que vamos classifica­r”, diz Daniel Moreira, 32. O otimismo acaba após dois gols do Juventus.

Juventinos olham para os rivais e apontam para os títulos do clube pintados nas paredes: a A2 do Paulista-2005 e a Copa Paulista-2007.

O jogo acaba. O sistema de som pede para torcer junto “e daqui nunca mais sair”.

Sair é tudo o que os visitantes querem. Mas Caverna ainda espera provar que a Portuguesa “é o time de virada.”

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