Folha de S.Paulo

Páreo duro

- GREGORIO D U V I V I E R

A dura disputa do prefeito Village People de São Paulo contra o agente funerário do Rio de Janeiro

DORIA SE veste de gari e faz “varrição simbólica” para fotos, naquilo que confessa ser a primeira faxina da sua vida (“a primeira de muitas!”)

Crivella não aparece para entregar a chave da cidade para o Rei Momo, alegando gripe muito forte. Tampouco aparece na Sapucaí para o desfile das escolas de samba, alegando estar assistindo ao Rio Open.

Doria se fantasia de pintor de paredes para apagar grafites. Doria anuncia a criação de um museu exclusivo para grafites. Justiça afirma que não cabe à prefeitura apagar grafites. Prefeitura recorre.

Crivella nomeia um morto para um cargo de confiança na Riotur. A prefeitura afirma não se tratar de um equívoco, afinal a morte é recente e o prefeito ainda não sabia da morte do quase futuro colega.

Doria se veste de marronzinh­o da CET —mas chega no evento estacionan­do o próprio carro em local proibido.

Crivella nomeia outro morto, dessa vez para a gerência de Esportes. A prefeitura afirma que na época da indicação o morto ainda estava vivo —mas morreu antes de ser nomeado, devido à burocracia.

Doria se fantasia de cadeirante para experiment­ar o que eles sentem —por cem metros.

Crivella, talvez descobrind­o que não conhece ninguém que ainda esteja vivo, nomeia o próprio filho para a Casa Civil —não sem antes checar que o mesmo está bem de saúde. Respira aliviado ao saber que está. Formado em psicologia cristã, ‘Marcelinho’ Crivella trabalhava, até o momento da nomeação, com computação gráfica e fornecia palestras sobre “Como encontrar um companheir­o pra vida toda”, segundo reportagem do jornal “O Globo”.

Doria se veste novamente de gari e posa para fotos segurando fotos dele mesmo igualmente vestido de gari para mostrar que não é a primeira vez em que ele se veste de gari.

STF suspende nomeação do filho de Crivella alegando nepotismo. Crivella, indignado ao descobrir que não pode nem sequer nomear o próprio filho, vai ao STF recorrer. Em vão. Surge um problema. Crivella não conhece mais ninguém que esteja vivo —e não pertença à família Garotinho. Nomeia, então, Clarissa Garotinho, na falta de contatos insepultos. E ainda estamos em março. Aguarde cenas do próximo capítulo: Crivella nomeia Ayrton Senna para a pasta de Esportes e se revela chocado com a notícia da sua morte. “Mas tão novinho!”. Doria vive um dia de Popeye na Carreta Furacão naquilo que chama de “sarração simbólica” (a primeira de muitas!).

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Catarina Bessell

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