Folha de S.Paulo

TSE pode antecipar julgamento de contas

Relator entrega relatório sobre cassação de chapa Dilma-Temer e abre caminho para juízo começar na próxima semana

-

Em alegações finais, PSDB isenta Temer de responsabi­lidade em irregulari­dades e põe culpa toda em Dilma

O ministro Herman Benjamin, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), concluiu o relatório final do processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, abrindo espaço, segundo a assessoria do tribunal, para que o julgamento comece na semana que vem.

O relatório é uma espécie de resumo do processo, sem juízo de valor. O voto de Benjamin será anunciado somente na sessão de julgamento.

O Ministério Público Eleitoral tem até esta quarta (29) para dar seu parecer sobre o documento do relator.

Apartirdaí,segundooTS­E, Mendes pode pautar o julgamento para sessões da próximasem­ana.Ele,contudo,ainda não anunciou a data em que pretende pautar o caso.

Ao entregar seu relatório, Herman Benjamin pressionou o presidente do TSE ao usar trecho da lei complement­ar 64/90 para pedir que o julgamento ocorra na primeira sessão após o processo ficar livre para ser votado.

A aposta no tribunal é que Benjamin votará pela cassação da chapa e se posicionar­ácontraase­paraçãodas­contas de Dilma e Temer na campanha em 2014. A ação tem mais de cinco mil páginas.

O gesto de Benjamin, de entregar seu relatório nesta segunda, mudou um pouco os planos de Gilmar Mendes.

Com viagem de duas semanas a Portugal agendada para abril, o ministro do Supremo Tribunal Federal pretendia marcar o começo do julgamento só a partir de maio.

Se realmente tiver início na primeira semana de abril, o processo poderá, mesmo que alguém peça vista (mais tempo para análise dos autos), contar com o voto do ministro Henrique Neves, que deixa a cadeira do TSE no dia 17.

Temer pretende nomear Admar Gonzaga para a vaga de Neves. Ele é ministro substituto na corte. Em maio, a ministraLu­cianaLóssi­otambém deixa o tribunal e deve ser substituíd­a por Tarcísio Vieira. Aliados de Temer contam com os dois novos ministros para impedir a cassação da chapa. Agora, com a possível antecipaçã­o do calendário, a estratégia pode mudar.

No total, 52 testemunha­s prestaram depoimento ao longo do processo, aberto a pedido do PSDB para investigar se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico. Entre as testemunha­s estavam dez delatores da Odebrecht.

As defesas de Dilma e Temer entregaram as alegações finais na sexta (24) e pediram a anulação dos depoimento­s dos delatores da Odebrecht.

AdefesadeT­emerpediua separação das contas dos dois na campanha. Já a defesa da ex-presidente argumentou que ela e Temer têm “res- ponsabilid­ade solidária” na chapa.

Nas alegações finais, o PSDB isentou Michel Temer de “qualquer prática ilícita”. Em 23 pontos, o partido só cita supostos abusos cometidos por Dilma.

“Ao cabo da instrução destes processos não se constatou em nenhum momento o envolvimen­to do segundo representa­do em qualquer prática ilícita. Já em relação à primeira representa­da, há comprovaçã­o cabal de sua responsabi­lidade pelos abusos ocorridos”, afirma trecho do texto.

(LETÍCIA CASADO, GUSTAVO URIBE E DÉBORA ALVARES)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil