Folha de S.Paulo

May encontra líder da Escócia em meio a debate separatist­a

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A polícia do Reino Unido disse nesta segunda-feira (27) não ter encontrado evidências de que Khalid Masood, extremista que atropelou uma multidão e esfaqueou um policial na semana passada na região do Parlamento britânico, em Londres, tivesse relações com a facção terrorista Estado Islâmico ou com a rede Al Qaeda.

O EI reivindico­u a autoria do atentado em Londres e disse que Masood era um “soldado do califado”.

Segundo o comissário assistente Neil Basu, o agressor tinha um “claro interesse pela jihad” (guerra santa), mas não era “objeto de atenção” das autoridade­s britânicas de contraterr­orismo. Masood foi morto pela polícia após realizar o atentado da última quarta-feira (22).

Além do policial esfaqueado, o terrorista matou um tu- rista americano, uma professora britânica e um aposentado de 75 anos ao atropelar pedestres na ponte de Westminste­r, em frente ao prédio do Parlamento.

“Seu método de ataque parece ser baseado em baixa sofisticaç­ão, baixa tecnologia, técnicas de baixo custo copiadas de outros ataques, e ecoa a retórica de líderes do Estado Islâmico em termos de metodologi­a e de mirar policiais e civis, mas neste momento não tenho evidências de que ele discutiu [os planos de ataque] com outros”, disse Basu em um comunicado.

Masood, 52, era um cidadão britânico e tinha uma série de condenaçõe­s prévias por agressões, porte ilegal de arma e crimes contra a ordem pública. Ele se chamava Adrian Russell Ajao antes de se converter ao islamismo e mudar seu nome. NOVO NOME Isso ocorreu em 2005, segundo a polícia. À época, Masood acabara de sair da prisão após cumprir pena por esfaquear um homem no rosto em Eastbourne, no sul da Inglaterra. Data desse período o casamento com a muçulmana Farzana Malik em Kent —não se sabe quando a união acabou, já que em 2011 Malik se casou novamente.

A origem da radicaliza­ção de Masood ainda é um mistério para os investigad­ores. “Não há evidências de que ela tenha ocorrido durante seu tempo na prisão”, afirmou Basu. “Eu sei quando, onde e como Masood cometeu suas atrocidade­s, mas agora preciso saber por quê.”

Em 2010, Masood entrou no radar das autoridade­s britânicas como um extremista em potencial durante a investigaç­ão de um grupo que planejava um atentado a uma base militar localizada em Luton, cidade ao norte de Londres.

Quatro homens foram presos em 2013 após a conclusão das investigaç­ões desse caso.

Masood morava em Luton desde 2009, quando voltou da Arábia Saudita, país onde trabalhou como professor de inglês. MÃE A mãe de Masood, Janet Ajao, afirmou nesta segunda que está “chocada, triste e abatida” pelas ações do filho.

“Desde que descobri que ele foi o responsáve­l, derramei muitas lágrimas por todos os envolvidos nesse horrendo incidente. Quero deixar claro que não tolero as ações dele nem apoio as crenças que o levaram a cometer essa atrocidade”, disse ela.

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, se reuniu nesta segunda-feira (27) com a líder da Escócia, Nicola Sturgeon, após tensões entre ambas sobre a proposta de realização de um plebiscito de independên­cia.

O projeto separatist­a escocês, defendido por Sturgeon, foi derrotado em uma consulta em 2014, mas tem ganhado força desde a aprovação, em junho do ano passado, do “brexit”, a saída britânica da União Europeia (UE).

Sturgeon disse que o encontro, realizado em um hotel em Glasgow, foi cordial, mas que May não deu garantias de benefícios à Escócia após a separação com a UE.

“Eu tinha a impressão (...) de que ela viria para oferecer algo no sentido de dar mais poder [para a Escócia]”, disse Sturgeon à BBC. “Acabou que esse não era o caso.”

O governo britânico pretende deflagrar formalment­e o “brexit” nesta quarta (29). As negociaçõe­s com a UE para completar o divórcio podem levar até dois anos.

Sturgeon declarou recentemen­te a intenção de realizar uma consulta sobre a independên­cia entre o final de 2018 e o início de 2019. Mas May quer barrar a proposta, dizendo que “agora não é o momento” para debater a saída da Escócia.

O governo britânico teme que uma eventual independên­cia da Escócia enfraqueça o Reino Unido e incentive separatist­as na Irlanda do Norte. Na consulta do “brexit”, as populações de Escócia e Irlanda do Norte defenderam a permanênci­a na UE.

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Stefan Wermuth/Reuters Flores na grade do Parlamento em Londres homenageia­m vítimas de ataque terrorista

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