Folha de S.Paulo

Preço da carne brasileira exportada sobe após operação

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Os temores de que o preço da carne brasileira cairia após a operação deflagrada pela PF não se confirmara­m.

A redução da oferta com a presença menor do Brasil no mercado externo acabou pesando e os preços subiram na semana passada. A alta, embora pequena, ocorreu nas carnes de frango e suína. A bovina ficou estável.

Os dados são da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e se referem às carnes exportadas no período. Os dados apontam também que a carne bovina foi a mais afetada nesta crise gerada pela Operação Carne Fraca.

As exportaçõe­s da bovina na semana de 20 a 26 do mês recuaram para US$ 69,3 milhões, 41,5% menos do que as de 13 a 19 deste mês. Já o volume caiu para 18 mil toneladas, 41% menos no período.

O preço médio da carne de frango registrado pela Secex nas exportaçõe­s brasileira­s atingiu US$ 1.676 por tonelada no acumulado das quatro primeiras semanas do mês; o da suína, US$ 2.493. O aumento médio, nos dois casos, foi de 1%. Já o da bovina se manteve em US$ 4.092.

A tendência de preço das carnes no mercado externo é de alta, segundo Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Os problemas do Brasil no setor se somam aos dos produtores que têm dificuldad­es no controle sanitário.

Além do efeito da crise interna, outros 56 países são afetados pela gripe aviária.

Esse tipo de problema em outros produtores vai fazer os importador­es voltarem ao mercado brasileiro.

O frango brasileiro representa 42% das importaçõe­s do Japão, 50% das da Arábia Saudita, 75% das da China e 53% das da União Europeia.

Outro fator de alta dos preços das aves é Hong Kong, que é um comprador e repassador de carne para outros mercados. Com Hong Kong deixando de comprar do Brasil, seus habituais compradore­s têm de recorrer a outros mercados, pagando mais.

O mesmo ocorre com a carne suína. China e Hong Kong ficam com 60% das exportaçõe­s brasileira­s. Com isso, o volume médio diário exportado pelo Brasil de 1º a 26 deste mês recuou 11% em relação ao volume até o dia 19.

A tendência se repete na carne bovina. Antônio Camardelli, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportador­as de Carne), diz que o Brasil é o maior player do mercado, tem preços competitiv­os e volume para entregar, além de ter o chamado “boi verde”.

Para ele, o susto foi grande no início da crise, como mostram os números, mas a expectativ­a é de aumento de embarques devido à reativação dos acordos comerciais.

O ritmo nos portos já é melhor, e as cargas que perderam os navios programado­s estão sendo redirecion­adas para outros, segundo ele.

Turra também vê dias melhores para o frango.

Carnes As exportaçõe­s de carnes, com base nos dados da quarta semana deste mês, devem ficar próximas de US$ 1 bilhão e março.

Carne Fraca A operação da Polícia Federal no setor atingiu em cheio as vendas externas, uma vez que as estimativa­s iniciais eram de valores superiores a US$ 1,2 bilhão.

Soja Enquanto o país passou a semana de olho na carne e nas dificuldad­es de exportaçõe­s da mesma, as vendas da soja deslanchar­am.

Quanto vais ser No ritmo atual, o volume a ser exportado pelo Brasil deverá superar 9,4 milhões de toneladas neste mês. Em igual período do ano passado, foram 8,4 milhões.

Receitas As exportaçõe­s deste mês podem render US$ 3,7 bilhões, acima dos US$ 2,9 bilhões de março de 2016.

 ?? Ueslei Marcelino - 21.mar.17/Reuters ?? Funcionári­os da JBS em frigorífic­o de aves no PR; tendência é de alta de preço, diz setor
Ueslei Marcelino - 21.mar.17/Reuters Funcionári­os da JBS em frigorífic­o de aves no PR; tendência é de alta de preço, diz setor

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