Folha de S.Paulo

Festival de Curitiba começa hoje com foco no feminino

Mostra teatral tem se aberto para outras linguagens, da dança e da música

- MARIA LUÍSA BARSANELLI

Programaçã­o é marcada por solos com mulheres; Fernanda Montenegro abre evento com leitura de Nelson Rodrigues

No ano passado, Maria Bethânia abriu o Festival de Teatro de Curitiba. Neste ano, há shows de Gaby Amarantos (leia ao lado) e Mart’nália, trabalhos de dança e performanc­e. Seguindo uma tendência de mostras teatrais, o evento paranaense vem abrindo cada vez mais espaço para outras linguagens artísticas.

“É uma realidade da produção contemporâ­nea. Hoje essas prateleira­s não são muito definidas. Definir o que é ou não teatro hoje é muito difícil”, afirma Guilherme Weber, que divide com Marcio Abreu a curadoria do festival desde o ano passado.

Nesta 26ª edição, que vai desta terça (28) até 9 de abril, a dupla elegeu o o aforismo “Só me interessa o que não é meu”, do “Manifesto Antropófag­o” de Oswald de Andrade, como norte da programaçã­o. É a ideia, dizem eles, de como um trabalho se transforma na presença do outro.

No processo de curadoria, reuniram uma série de espetáculo­s protagoniz­ados por mulheres e que falam do feminino. “Não é acidental que esse tema da alteridade esteja sendo discutida por mulheres”, diz Weber, para quem a questão de gênero é tema latente na produção atual.

A mostra será aberta por Fernanda Montenegro, que faz uma leitura de “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo”, adaptação do livro de Sônia Rodrigues, filha do dramaturgo.

A programaçã­o ainda terá “Antígona”, monólogo com Andrea Beltrão, “Mata Teu Pai”, com Debora Lamm, dois solos da portuguesa Vera Manteiro (“Olympia” e “O Que Podemos Dizer do Pierre”), “A Casa dos Budas Ditosos”, com Fernanda Torres, e “500 Anos - Um Fax de Denise Stoklos para Cristóvão Colombo”, uma nova versão do espetáculo criado há 25 anos pela atriz e diretora.

São todos solos, espetáculo­s que costumam ter um custo de produção menor e cuja quantidade aumenta “sempre que o país entre em crise”, afirma Weber. “Mas estes monólogos estão mais ligados a questões artísticas, a mergulhos pessoais em alguns temas, do que a questões financeira­s”, comenta.

Os curadores também dizem não terem buscado um ineditismo na programaçã­o, algo que já não acontece há algumas edições. Muitas montagens já fizeram temporadas pelo país. “A Casa dos Budas Ditosos” até passou pelo evento dez anos atrás.

“Não queríamos que o festival fosse uma vitrine, mas trazer peças que se mantêm em repertório, que promovem uma formação de plateia.” QUANDO 28/3 a 9/4 ONDE vários locais QUANTO grátis a R$ 70 PROGRAMAÇíO festivalde­curitiba. com.br

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Carlos Sales/Divulgação A cantora Gaby Amarantos, que estreia show em Curitiba

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