Folha de S.Paulo

TSE inicia julgamento de chapa Dilma-Temer na terça

Relator do caso, Herman Benjamin deve pedir a cassação da coligação

- CAMILA MATTOSO LETÍCIA CASADO GUSTAVO URIBE

O QUE QUESTIONAM? 1 Gastos de campanha acima do limite informado à Justiça Eleitoral AÇÃO ESTÁ PRONTA PARA ENTRAR NA PAUTA DE JULGAMENTO DO TSE 1 2 3 4

2 Financiame­nto eleitoral com dinheiro desviado da Petrobras 3 Falta de comprovaçã­o de despesas de campanha Presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes, definiu que ação começa a ser julgada na terça (4) Benjamin é o primeiro a dar o voto na sessão de julgamento (sete ministros participam) Qualquer ministro pode pedir vista do processo (o que interrompe a sessão) Cada ministro pode ficar com a ação para análise

Benjamin tenta garantir que ministro Henrique Neves vote antes que seu mandato no tribunal termine DE BRASÍLIA

O julgamento da ação que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer começa na próxima terça (4) com uma primeira disputa: a tentativa de garantir que o ministro Henrique Neves dê seu voto antes que seu mandato no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) chegue ao fim.

A defesa de Dilma pediu cinco dias de prazo para se manifestar sobre o relatório do ministro Herman Benjamin, relator do processo, que concedeu 48 horas para tanto. O relatório é uma espécie de resumo do processo, sem juízo de valor.

O pedido da ex-presidente será analisado na abertura do julgamento de terça. Se os ministros do TSE entenderem que os cinco dias solicitado­s são necessário­s, a sessão será suspensa, impedindo que o relator apresente seu voto sobre o mérito da ação.

Neves faz sua última participaç­ão como ministro do TSE na sessão de 6 abril, quinta-feira. Seu mandato acaba dez dias depois e ele será substituíd­o pelo advogado Admar Gonzaga, indicado por Temer.

Nos bastidores, a expectativ­a é que Neves acompanhe Herman Benjamin, que deve votar pela cassação da chapa presidenci­al. Os aliados de Temer apostam na posição de Gonzaga contrária ao relator e torcem para que Neves fique de fora da votação.

No entanto, se prevalecer a tese de Herman sobre o prazo de 48 horas, Neves poderá apresentar seu voto antes de deixar o tribunal. A aposta hoje no TSE, porém, é que o plenário siga o caminho de atender o pedido da defesa de Dilma.

Há ainda outras seis solicitaçõ­es que podem interrompe­r o julgamento, mas essa é considerad­a a mais fácil de ser aceita —ao todo, sete ministros participam da sessão.

O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, teve de marcar o julgamento depois que Benjamin entregou seu relatório na segunda (27) e o Ministério Público Eleitoral o seu parecer, no dia seguinte.

A estratégia de Benjamin é tentar garantir que, além de Neves, a ministra Luciana Lóssio, cujo mandato termina em maio, também consiga votar. Diante do cenário com o prazo estendido para a defesa, o julgamento, segundo pessoas ligadas ao processo, retornaria no fim de abril, após o feriado da Páscoa, a tempo de Lóssio proferir o seu voto.

Por estar em fim de mandato, ela teria preferênci­a para se manifestar antes do próximo da fila, o ministro Napoleão Nunes Maia Filho.

Há uma expectativ­a de que Lóssio vote pela cassação da chapa, o que gera uma preocupaçã­o do Palácio do Planalto, interessad­o em indicar o substituto dela, o advogado Tarcísio Vieira, a tempo de poder votar.

A partir desta etapa, com Lóssio e Neves fora, o cenário ficaria incerto, com a chance de os demais ministros pedirem vista (mais tempo para analisar) do voto de Benjamin, por prazo indetermin­ado. Tanto que a equipe de Temer começou a esboçar estratégia jurídica para arrastar o desfecho do caso para o ano que vem.

Caso o peemedebis­ta seja cassado pelo TSE, por exemplo, a ideia é ingressar com recursos tanto na Corte Eleitoral como no STF (Supremo Tribunal Federal), empurrando uma decisão final para a véspera da sucessão eleitoral, em 2018. O PROCESSO No total, 52 testemunha­s prestaram depoimento ao longo do processo, aberto a pedido do PSDB para investigar se a chapa Dilma-Temer cometeu abuso de poder político e econômico. Entre as testemunha­s estavam dez delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato.

As defesas de Dilma e Temer pediram a anulação dos depoimento­s dos executivos da empreiteir­a. A defesa de Temer pediu a separação das contas de campanha de Dilma e de Temer.

Já o PSDB isentou Michel Temer de “qualquer prática ilícita”. Em 23 pontos, o partido chama de “abusos” cometidos por Dilma ao longo da campanha eleitoral.

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O presidente do TSE, Gilmar Mendes, durante seminário no tribunal que discutiu alternativ­as de reforma política

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