Folha de S.Paulo

Lar os fatos ilícitos que praticaram”, disse o procurador.

- DE BRASÍLIA

DO RIO

Uma nova fase da Operação Lava Jato prendeu, nesta terça (28), o ex-gerente da Petrobras Roberto Gonçalves, suspeito de receber cerca de US$ 5 milhões de propina em contas no exterior.

Procurado no Rio, Gonçalves acabou detido em Boa Vista (RR). Segundo a PF, ele visitava familiares na cidade.

O engenheiro ocupou a gerência executiva de Serviços da estatal entre 2011 e 2012, sucedendo Pedro Barusco, hoje um dos delatores.

Para os investigad­ores, havia um “direito adquirido à propina” na Petrobras: Gonçalves teria herdado os acordos de pagamento de propina de Barusco, e passou a receber vantagens indevidas para interceder em favor de empreiteir­as ou repassar informaçõe­s sigilosas da estatal.

“Na sucessão do cargo, também se passou o bastão da propina”, disse o procurador Roberson Pozzobon.

Gonçalves já havia sido alvo de um mandado de prisão temporária no final de 2015, mas foi liberado por falta de provas. No início deste ano, porém, o Ministério Público recebeu dados de cooperação com a Suíça, que demonstrar­am que o ex-gerente tinha ao menos quatro contas no país que movimentar­am cerca de US$ 4 milhões —e que parte dos valores foi transferid­a para a China e as Bahamas.

“Tais atos podem representa­r não só a reiteração de crimes de lavagem de dinheiro, mas também atos com o propósito de impedir o confisco dos ativos criminosos e frustrar a aplicação da lei”, disse o juiz Sergio Moro, que determinou a prisão de Gonçalves.

Pozzobon chegou a dar uma espécie de recado para que funcionári­os da Petrobras que receberam propinas façam delação premiada.

“Não vale a pena buscar ocultar seu patrimônio ilicitamen­te auferido, nem tentar se evadir da responsabi­lização penal. Talvez o caminho adequado seja, antes que estejam no radar, procurar as autoridade­s públicas e reve- EMPRÉSTIMO O ex-gerente recebeu propina de pelo menos duas empreiteir­as, segundo a investigaç­ão: Odebrecht e UTC. Executivos dessas empresas admitiram, em delação premiada, que pagaram a ele em troca de um contrato sem licitação na obra do Comperj (Complexo Petroquími­co do Rio).

Gonçalves chegou a emprestar uma conta do executivo da Odebrecht Rogério Araújo para receber parte da propina. “Eu cometi um desatino, né. Abri uma conta em meu nome e dei para ele. Não deixei de ser, desculpa o termo, um ‘laranja’ dele”, declarou Araújo ao MPF.

Para Araújo, Gonçalves era novato no recebiment­o de propinas MEGALE E LUCAS VETTORAZZO)

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