Folha de S.Paulo

Janot quer mudar texto de abuso de autoridade

Proposta do procurador-geral ameniza projeto que contempla punição a magistrado­s

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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou­nestaterça(28)aospreside­ntes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), umaalterna­tivaaoproj­etoque pune abuso de autoridade.

Ele propôs não criminaliz­ar as divergênci­as de interpreta­ção de uma lei ou fato. No texto em tramitação no Senado, relatado por Roberto Requião (PMDB-PR), a defesa pode processar um juiz de primeira instância que condenar seu cliente caso a segunda instância o absolva. Já o texto entregue pelo procurador suprime essa parte.

Essa foi a principal alteração trazida por Janot. “Nós do serviço público, que trabalhamo­s de forma responsáve­l, nenhum de nós tem medo de uma lei de abuso de autoridade”, afirmou Janot.

Caberá a Requião avaliar se incorpora as sugestões. A tendência é que isso seja feito, pois o Ministério Público elaborou as propostas após entendimen­to prévio com integrante­s do Congresso.

Segundo Janot, a sugestão apresentad­a ao Congresso contempla “abusos antigos e modernos” e não “pretende proteger nenhum agente”. Na avaliação do Ministério Público, o texto em tramitação no Senado tem como foco po- liciais, integrante­s do Ministério Público e magistrado­s.

O texto da PGR foi construído por integrante­s dos Ministério­s Públicos estaduais, federal, além de juízes.

Eles se basearam no relatório elaborado por Requião, que será discutido nesta quarta (29) na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça) do Senado. A PGR quis eliminar do projeto trechos considerad­os problemáti­cos.

A iniciativa de Janot ocorre 11 dias após a Operação Carne Fraca, que reavivou os discursos em defesa da proposta que pune abuso de autoridade­noSenado.LogoapósaP­olícia Federal desencadea­r a ação, os parlamenta­res subi- ram à tribuna e acusaram a corporação de abusos.

Assim como o texto em tramitação no Senado, a proposta da Procurador­ia tipifica como abuso de autoridade condutas de integrante­s dos Três Poderes, do Ministério Público, do Tribunal de Contas e de agentes da administra­ção pública.

O Ministério Público também prevê punições por abuso de autoridade, como perda de cargo ou função pública. Listaainda­umasériede­ações que podem ser considerad­as abuso, como o constrangi­mento de levar alguém a prestar depoimento quando não for obrigado.

(DÉBORA ÁLVARES, RANIER BRAGON E LETÍCIA CASADO)

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Pedro Ladeira/Folhapress O procurador Rodrigo Janot (à dir.), com Eunício Oliveira

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