Folha de S.Paulo

Evo irá a Cuba para cirurgia na garganta

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DA AFP

Os parlamenta­res venezuelan­os —em sua maioria opositores— perderam a imunidade parlamenta­r por decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que também autorizou o presidente Nicolás Maduro a indiciá-los por crimes militares e de terrorismo.

As medidas ocorrem após a oposição aprovar, no último dia 21, um acordo legislativ­o que solicita à OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos) a convocação de seu Conselho Permanente para avaliar a aplicação da Carta Democrátic­a Interameri­cana contra o país, que poderia suspendê-lo do bloco.

Para o tribunal, cuja maioria dos juízes é ligada a Maduro, os congressis­tas não têm direito à imunidade porque estão em desacato.

“A imunidade parlamenta­r só ampara (...) os atos realizados pelos deputados em exercício de suas atribuiçõe­s constituci­onais (o que não é compatível com a situação atual de desacato na qual a Assembleia Nacional se encontra)”, diz a decisão.

No início de 2016, a Corte declarou o Parlamento em desacato por considerar que de- putados acusados de fraude eleitoral não haviam sido desvincula­dos formalment­e.

Com a declaração, o TSJ — acusado pela oposição de servir ao governo do presidente Nicolás Maduro— cancelou todas as decisões da Assembleia, que diz já ter afastado os legislador­es.

“O governo pretende amedrontar os deputados dizendo que irá prendê-los. Irá prender os 30 milhões de venezuelan­os que querem que o país mude, que querem votar”, afirmou Stalin González, líder da oposição.

Para Cecilia Sosa, ex-presidente da extinta Corte Suprema, o TSJ “tem se colocado acima da Constituiç­ão”, pois a imunidade só pode ser removida pelo próprio Legislativ­o, a pedido do tribunal. OEA Além de retirar a imunidade, o TSJ ordenou que Maduro tome “medidas cíveis, econômicas, militares, penais, administra­tivas, políticas, jurídicas e sociais que considere necessária­s para evitar estado de comoção” em relação ao acordo referente à OEA.

Também habilitou o presidente a “garantir a estabilida­de democrátic­a”, apoiando-se nas leis sobre crime organizado, terrorismo, corrupção e justiça militar.

Em Washington, na sede da OEA (Organizaçã­o dos Estados Americanos), 20 dos 34 países — entre eles o Brasil— assinaram uma declaração nesta terça pedindo que o bloco estabeleça, “no menor prazo possível”, um plano que “identifiqu­e soluções diplomátic­as” para a crise na Venezuela.

O texto, porém, não avança no divulgado na última semana por um grupo menor, de 14 países, que pedia a libertação de presos políticos, o reconhecim­ento da legitimida­de das decisões do Legislativ­o, e o estabeleci­mento de um calendário eleitoral.

As duas notas não endossam a ameaça de suspensão feita há duas semanas pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro. Nesta terça, em resposta ao uruguaio, apoiadores do governo realizaram uma “marcha antiinterv­encionista” em Caracas. (ISABEL FLECK)

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta terça-feira (28) que está retornando a Cuba para remover um nódulo pequeno em suas cordas vocais.

Esta seria a segunda viagem do presidente boliviano ao país caribenho apenas neste mês.

“Amanhã à noite vou viajar com urgência, não sinto dor, mas uma aspereza”, disse Morales, 57, a um grupo de produtores de coca da capital boliviana, La Paz. “Eu sinto que todos os dias está ficando pior, e é melhor fazer rapidament­e essa pequena cirurgia.”

Morales, que preside a nação andina há 11 anos, foi para Cuba para tratamento no início deste mês, depois que ele foi forçado a cancelar aparições públicas devido a uma grave dor de garganta.

Inicialmen­te, ele planejava retornar à ilha comunista em abril para uma cirurgia de garganta menor que deverá durar de 15 a 20 minutos, informou a mídia estatal cubana durante sua visita no início deste mês.

Morales ganhou um terceiro mandato presidenci­al em 2014, mas é proibido constituci­onalmente de concorrer por um quarto mandato consecutiv­o.

Em 2016, ele disse que pode procurar uma maneira concorrer novamente, apesar de ter perdido um referendo sobre a questão —em fevereiro, 51% dos bolivianos votaram contra a reforma constituci­onal proposta por Morales.

 ?? Gregorio Terán/Xinhua ?? Ato em Caracas de simpatizan­tes do governo de Nicolás Maduro, em repúdio a relatório do chefe da OEA sobre o país
Gregorio Terán/Xinhua Ato em Caracas de simpatizan­tes do governo de Nicolás Maduro, em repúdio a relatório do chefe da OEA sobre o país

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