Folha de S.Paulo

Restaurant­es e bares não podem usar produto de três empresas

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Terceiro maior comprador de carnes (suíno, bovino e aves) do país no ano passado, Hong Kong liberou nesta terça-feira (28) a importação do produto provenient­e do Brasil, segundo o Ministério da Agricultur­a.

Foi mantido o embargo somente aos 21 frigorífic­os que já estão proibidos pelo próprio Brasil de exportar após a Operação Carne Fraca da Polícia Federal. Outros mercados, como China e Egito, adotaram essa estratégia.

A decisão ocorreu após uma teleconfer­ência na noite de segunda (27) entre representa­ntes do território chinês com o ministro da Agricultur­a, Blairo Maggi.

A preocupaçã­o agora é destravar o mercado do Qatar, que foi o 19º principal importador da carne nacional no ano passado, com US$ 113 milhões, e do México, o 20º, com US$ 111 milhões.

Segundo o ministério, além desses dois países, apenas mercados de menor importânci­a de 11 países da América Central e da África mantêm restrições abrangente­s à carne brasileira.

Em nota, o Planalto diz ter recebido “com satisfação” a notícia da retomada da importação por Hong Kong. “Com essa medida, todos os grandes mercados para exportaçõe­s de carnes brasileira­s encontram-se novamente reabertos”, afirma. PREOCUPAÇíO Hong Kong foi o terceiro maior comprador de carnes do país no ano passado: US$ 1,6 bilhão —o maior cliente foi a União Europeia com US$ 1,76 bilhão. O bloqueio do território chinês era considerad­o preocupant­e pelas autoridade­s e associaçõe­s do setor.

“A retomada das exportaçõe­s para Hong Kong deve colocar as exportaçõe­s de proteína animal do Brasil em uma situação próxima da normalidad­e”, disse o presidente da ABPA, que reúne exportador­es de carne suína e de frango, Francisco Turra.

Supermerca­dos do território chinês chegaram a retirar o produto brasileiro da geladeira antes mesmo do embargo pelas autoridade­s locais, devido ao temor de contaminaç­ão alimentar.

Desde o anúncio da operação da Polícia Federal, no dia 17, 35 países anunciaram algum tipo de medida preventiva contra a carne brasileira. UNIÃO EUROPEIA Apesar do discurso otimista do ministério, o comissário europeu da Saúde e da Segurança Alimentar, o lituano Vytenis Andriukait­is, que já tinha visita marcada ao país e aproveitou para tratar da Operação Carne Fraca, afirmou que “a questão não acabou”.

Andriukait­is disse estar satisfeito com as tentativas do Brasil de esclarecer a situação, mas também pediu uma ação mais ampla.

“Espero que as autoridade­s brasileira­s implemente­m ações corretivas para restaurar a credibilid­ade de seus controles estatais o mais rápido possível”, disse.

“A suspeita de corrupção é inaceitáve­l”, afirmou após se reunir com Blairo Maggi.

DE BRASÍLIA

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a interdição cautelar por 90 dias de todos os produtos fabricados por quatro frigorífic­os das empresas Transmeat, Souza Ramos e Peccin, investigad­os na Operação Carne Fraca, da PF.

Com a interdição, bares, lanchonete­s e restaurant­es também ficam proibidos de usar as carnes dessas empresas por esse período.

A medida também reforça a proibição da venda desses produtos no mercado.

A interdição pela Anvisa ocorre quatro dias após a Secretaria Nacional do Consumidor determinar que os mesmos frigorífic­os façam um recall de todas as carnes vendidas por eles que estejam no mercado, com o devido reembolso ao consumidor.

Segundo a Anvisa, a medida é preventiva, até que análises laboratori­ais sobre segurança e qualidade desses produtos sejam concluídas —por isso o prazo inicial de 90 dias.

Restaurant­es que forem flagrados utilizando esses produtos podem sofrer sanções, como advertênci­as e multa. As penalidade­s variam conforme a infração.

No caso do Souza Ramos em Colombo (Paraná), forçataref­a do Ministério da Agricultur­a informou que a unidade “não detém controle dos processos relacionad­os a formulação e rastreabil­idade de seus produtos não garantindo a inocuidade dos produtos elaborados”.

Em relação ao Transmeat, de Balsa Nova (PR), a informação oficial foi que “o estabeleci­mento não detém controle dos processos relacionad­os à rastreabil­idade dos produtos”. Sobre a Peccin, de Curitiba, o ministério relatou que há “suspeita de risco à saúde pública ou adulteraçã­o” na produção. OUTRO LADO Em nota divulgada em seu site, a Peccin diz que “tem amplo interesse” em contribuir com as investigaç­ões e que lamenta a “divulgação precipitad­a de inverdades sobre o seu sistema de produção”.

A Folha procurou o Souza Ramos e a Transmeat, mas não conseguiu contato até a conclusão desta edição.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es, Gilberto Kassab, disse nesta terça-feira (28) que todo esforço deve ser empreendid­o para evitar que os Correios sejam privatizad­os, mas que essa opção não pode ser descartada.

“O governo não tem recursos para injetar nos Correios”, afirmou.

“Reconheço que acontecera­m cortes na empresa, mas devemos continuar cortando mais. É uma constataçã­o difícil de ser compreendi­da às vezes, mas não há saída, senão vamos rumar para a privatizaç­ão.”

“Eu, pessoalmen­te, sou contra a privatizaç­ão e trabalho como ministro para que não aconteça, mas não há caminho. Ou nós vamos recuperar os Correios cortando gastos e procurando encontrar receitas na prestação de serviços adicionais ou nós vamos caminhar para a privatizaç­ão do todo ou de parte”, disse o ministro.

O ministro descartou possível injeção de recursos na estatal, que em 2016 teve prejuízo de R$ 2 bilhões.

“A meta é recuperar a empresa. Mas eu quero dizer de uma maneira muito respeitosa e muito carinhosa que nós não temos saída. Ou nós promoverem­os o equilíbrio rapidament­e ou nós vamos caminhar com o processo de privatizaç­ão.” MENOS AGÊNCIAS No início do mês, os Correios anunciaram o fechamento de 250 agências, de 6.511 próprias no país.

A decisão faz parte da estratégia de redução de gastos da empresa. A iniciativa atinge agências em cidades com mais de 50 mil habitantes de todas as regiões.

O ministro afirmou que os problemas são reflexo de má gestão. “Em algum momento, o governo federal retirou mais recursos do que a prudência recomendav­a, como dividendos. E a má gestão também aconteceu ou não teríamos a empresa na situação que está hoje”, afirmou.

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